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É um ciclo vicioso, não é assim que se corrige o Brasil, diz Lilia Schwarcz sobre PEC da Anistia

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É um ciclo vicioso, não é assim que se corrige o Brasil, diz Lilia Schwarcz sobre PEC da Anistia

Em entrevista ao Jornal da Bahia no Ar, da Rádio Metropole, a historiadora analisou a representatividade nos cargos de poder

É um ciclo vicioso, não é assim que se corrige o Brasil, diz Lilia Schwarcz sobre PEC da Anistia

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Metro1 no dia 16 de agosto de 2024 às 09:14

Em uma votação rápida na última quinta-feira (15), o Senado Federal aprovou a chamada PEC da Anistia, que estabelece o perdão a multas eleitorais milionárias de partidos políticos que descumpriram cotas raciais em eleições passadas. Em entrevista à Rádio Metropole nesta sexta-feira (16), a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz comentou a medida e a relacionou ao racismo. Para ela, iniciativas como essa não ajudam a modificar o cenário de representatividade e igualdade no país.

Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinava que a distribuição dos valores do Fundo Eleitoral fosse proporcional ao total de candidaturas negras na sigla, sem um percentual mínimo. Agora, o projeto aprovado perdoa as multas dos partidos que não cumpriram a determinação. “Isso é um ciclo vicioso. A gente não corrige dessa maneira, porque a gente não muda o mundo dessa maneira. O Brasil sistematicamente tem uma política de no-passing para as populações negras. As populações imigrantes que chegaram ao Brasil no final do século 19 chegaram com outras condições. Sofreram com a chegada, claro que sofreram. Mas por que será que essas populações, logo numa primeira geração, já fizeram o passing e as populações negras não?”, questionou Lilia. 

A historiadora imortal da Academia Brasileira de Letras comentou também a representatividade nos cargos de poder. Para ela, o racismo também se inscreve nesse cenário. “No caso da prefeitura de São Paulo, por exemplo, são todos candidatos brancos, o que não é uma coincidência. Porque são essas pessoas que se formam, que têm gabarito, que vão ter máquina, que vão ter dinheiro para encarar uma campanha, porque nós sabemos quanto custa uma campanha. Estão mudando, mas lentamente”, afirmou. 

“Vamos ter as disputas para a prefeitura, para os cargos de reputação municipal, para vereador, e o leque de possibilidades é muito baixo. Por quê? Porque quem consegue uma candidatura precisa ter um certo capital político, social, simbólico, cultural, econômico, que, infelizmente, são poucas as candidaturas. Isso precisa mudar”, concluiu.

Confira a entrevista: