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Pneumologista alerta sobre riscos dos cigarros eletrônicos: "Não se está percebendo a dimensão da tragédia"
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Pneumologista alerta sobre riscos dos cigarros eletrônicos: "Não se está percebendo a dimensão da tragédia"
Professor da UFBA, Octávio Messeder critica dispositivos por agravarem a dependência da nicotina e alerta pais sobre os impactos na saúde de jovens
Foto: Tais Lisboa/Metropess
O pneumologista Octávio Messeder, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e diretor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), concedeu entrevista ao programa Metropole Mais nesta terça-feira (10). Durante a conversa, ele destacou o protagonismo da SBPT no combate ao cigarro eletrônico, mencionando ações simbólicas, como a iluminação do Cristo Redentor com a cor verde para alertar sobre os riscos do dispositivo. "Não se está percebendo a dimensão da tragédia que será o cigarro eletrônico", enfatizou.
O médico explicou que a nicotina, principal substância presente no cigarro eletrônico, é um dos maiores problemas associados ao dispositivo. Ele comparou o efeito da nicotina ao de substâncias estimulantes como a cafeína, mas ressaltou que a nicotina é muito mais viciante. “Para dar uma ideia, a nicotina, quando é absorvida, se liga a receptores cerebrais... criando uma dependência de magnitude semelhante à heroína.” O especialista destacou que os cigarros eletrônicos permitem um consumo mais intenso de nicotina, aumentando os riscos de dependência e danos à saúde.
Outro ponto abordado foi a facilidade de acesso ao cigarro eletrônico, especialmente entre jovens. O pneumologista revelou relatos preocupantes: “Eu tenho conversado com algumas pessoas que, infelizmente, usam isso, todos jovens, e eles me dizem que a gente usa isso umas 150 vezes, 180 vezes por dia." Esse uso frequente intensifica os impactos da nicotina e de outras substâncias tóxicas inaladas, como glicodeído, levando a sérios problemas respiratórios, incluindo casos de EVALI (lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico).
O especialista destacou ainda que os dispositivos representam uma estratégia da indústria do tabaco para recuperar mercado. “Na década de 90, nós tínhamos cerca de 30% de fumantes na população brasileira e hoje temos cerca de 12%. Isso é fruto de uma campanha de conhecimento dos males que esse hábito faz.” Segundo ele, a indústria aposta nos cigarros eletrônicos como uma alternativa ao tabaco convencional, mas com danos ainda mais graves.
Ao final da entrevista, Octávio fez um alerta aos pais e às famílias: "Não pensem que o cigarro eletrônico é algo inócuo. Não pense que o cigarro eletrônico vai ajudar a você a tirar o vício do cigarro. Não adianta trocar um veneno por outro." Ele pediu atenção ao comportamento dos jovens e ao incentivo social ao uso do dispositivo, que tem sido tratado como uma moda inofensiva.
Confira a entrevista completa:
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