Aliança nazista no governo de Getúlio surgiu puramente do desejo de poder, lembra Ruy Castro

A presença nazista no Brasil durante os anos 1930 e 1940, e o apoio do governo Getúlio Vargas ao Eixo, foram temas centrais da entrevista com o escritor e jornalista Ruy Castro no programa Três Pontos, desta quinta-feira (29). Durante o programa, o escritor afirmou que Vargas só se aliou aos aliados quando ficou claro que a Alemanha perderia a guerra. Até então, flertava com o nazifascismo por conveniência política e gosto pelo autoritarismo. O tema é um dos assuntos principais do seu novo livro que será lançado na próxima semana, Trincheira Tropical.

“O Getúlio não era um homem de governo, era um homem de poder. Ele usava o governo para exercer o poder. E durante os primeiros anos da guerra, parecia que a Alemanha ia ganhar. Tinha enorme presença no Brasil, com jornais, rádios, e o maior partido nazista fora da Alemanha. Quando ficou claro que os alemães não tinham mais como vencer, ele foi se inclinando desprezadamente para os aliados, pressionado por Oswaldo Aranha e pela população brasileira”, disse.

Castro lembrou que, a partir de 1942, com a entrada dos Estados Unidos na guerra e os ataques de submarinos a navios brasileiros, a pressão interna aumentou. Segundo ele, As manifestações populares, lideradas por estudantes e movimentos democráticos, tomaram as ruas do Rio exigindo liberdade — o que enfraqueceu o controle do Estado Novo e empurrou Getúlio para o lado oposto ao que flertava.

“O povo brasileiro saiu às ruas dando vivas à liberdade. E no momento em que você defende a liberdade na Europa, está também cobrando liberdade no Brasil. O Getúlio não podia mais conter isso. Era o fim da censura, da repressão e, inevitavelmente, da ditadura”, concluiu Ruy Castro. 

Confira a entrevista completa: