Bob Fernandes aponta uso de Bolsonaro como objeto para avanço de projeto militar da extrema-direita: “boneco de ventríloquo”

A permanência de Jair Bolsonaro como principal figura da extrema-direita no Brasil, mesmo após escândalos, fracassos e denúncias, é resultado de um projeto de poder articulado há anos pelas Forças Armadas. A avaliação é do jornalista Bob Fernandes, feita durante o programa Três Pontos desta quinta-feira (26). O jornalista revelou que o papel estratégico do ex-presidente é se manter como rosto popular de uma engrenagem militar, que é muito maior do que se pode imaginar.

“O Bolsonaro, nisso, foi um boneco de ventríloquo porque ele tinha adquirido popularidade, porque era o rosto visível que a extrema-direita gostava. Foi incensado em programas de humor e etc, como se tudo aquilo fosse uma gracinha”, disse.

Segundo Fernandes, o ex-presidente foi reintegrado ao jogo político pelos militares após ser descartado pelas Forças Armadas nos anos 1980. Ele explica que isso começou a partir da Comissão da Verdade, generais passaram a organizar uma estratégia de retomada de poder que culminou no impeachment de Dilma Rousseff, na eleição de Bolsonaro e em ações como o 8 de Janeiro, vistas como ensaios de golpe com forte presença de militares e agentes de segurança.

“O que existe hoje é um projeto militar. O Tarcísio é também um capitão do Exército. E tem 110 policiais militares dando aulas de ética em São Paulo. A extrema-direita está se movendo com outra linguagem: a linguagem militar. Bolsonaro foi só o boneco, o título mais conveniente desse jogo”, concluiu o jornalista Bob Fernandes.

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