Janio de Freitas rebate narrativa de “represália” em cobertura sobre taxação dos EUA ao Brasil: “O que foi que o Brasil fez?”

A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, foi tratada por parte da imprensa brasileira como uma “represália” direta ao país. A medida, que entrará em vigor em 1º de agosto, veio acompanhada de críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal e à condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

No entanto, para o jornalista Janio de Freitas, uma parte da imprensa brasileira tem distorcido os fatos ao apresentar a decisão como retaliação, sem qualquer base concreta. A crítica foi feita durante o programa Três Pontos, nesta quinta-feira (10).

“Aqui, no Rio, os valentes jornalistas em exercício disseram em manchete que se trata de uma represália do Trump ao Brasil. Represália a quê? O que foi que o Brasil fez? Nem o texto que se seguiu a essa vergonhosa palavra na manchete diz que se trata de uma represália ou invoca alguma coisa para justificar esse uso”, disse.

Freitas destacou que, embora a justificativa do ex-presidente norte-americano tenha um viés ideológico, a cobertura da mídia brasileira omite o contexto comercial mais amplo e trata o episódio com uma carga política enviesada. Segundo ele, o comportamento da imprensa repete erros cometidos durante a cobertura da Lava Jato, ao adotar narrativas sem questionamento crítico e alinhadas a interesses específicos.

“Existe crime de imprensa, sim, existe, mas não é só o que está registrado como crime de imprensa, não. Enganar deliberadamente o leitor também é crime de imprensa”, concluiu o jornalista Janio de Freitas.

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