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"O problema da esquerda não é narrativa, é questão de ação prática", diz professor da UERJ
João Cezar de Castro Rocha critica estratégia discursiva da extrema-direita e aponta desafios da esquerda frente à desigualdade e aos privilégios
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Professor Titular de Literatura Comparada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), João Cezar de Castro Rocha analisou os desafios do campo progressista diante da ascensão da extrema-direita no Brasil. Em entrevista ao Jornal da Bahia no Ar nesta segunda-feira (28), ele reconheceu que a esquerda ainda está atrás da extrema-direita no quesito comunicação, mas pontuou mais que isso. Para ele, o real desafio do campo progressista é a ação prática para enfrentar conflitos e privilégios.
“Temos que reconhecer, com humildade e honestidade intelectual, que a extrema-direita é mestra na retórica política no século XXI. Mas é uma retórica que, infelizmente, é a retórica do ódio [...]. Isso faz parte de uma questão mais complexa, que é a chamada economia da atenção. Como o número de ofertas, o tempo todo, se multiplica de forma vertiginosa no universo digital, para que você capture a atenção do usuário, você tem que fazer um gesto deslocado, uma dancinha louca, ser violento, ameaçar, é sempre preciso estar um tom acima dos outros para que a sua voz seja audível. Isso a extrema-direita faz melhor do que ninguém”, iniciou o professor.
Apesar disso, ele acredita que a esquerda não deve tentar imitar esse modus operandi, porque não faz parte da sua essência. Falta, segundo João Cezar de Castro Rocha, a esquerda reconhecer que o avanço da extrema-direita no mundo só foi possível por um ressentimento legítimo dos mais vulneráveis em relação ao sistema que mantém privilégios.
“Quando se trata de combater esses privilégios, o Congresso nunca permite. Quando se trata nessa proposta obscena de congelar o salário mínimo por seis anos, o Congresso concorda. Então os mais vulneráveis têm razão de ter ressentimento em relação ao sistema que é um sistema de preservação de privilégios. A extrema-direita toca nessa ferida. No Brasil, por exemplo, toca na segurança pública, que afeta a todos nós, mas muito mais aos mais vulneráveis. A extrema-direita, geralmente no mundo todo, aponta os problemas corretamente, por isso a aderência. agora o problema é que todas as soluções são falsas”, explicou.
Em contrapartida, aponta o professor, a esquerda não pode apenas dizer à população que trata-se de um problema estrutural que será resolvido apenas quando a sociedade for mais fraterna e solidária. “A pessoa quer uma melhora imediata, então o que parece é que o problema real do campo progressista em relação à extrema-direita não é uma questão de narrativa, é o problema da ação prática, temos que ser mais ousados e mais corajosos para enfrentar conflitos e para enfrentar privilégios”, concluiu.
Confira a entrevista na íntegra:
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