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Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

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Bellintani alerta para risco de perda arquitetônica após portaria do Iphan sobre Palácio Thomé de Souza

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Bellintani alerta para risco de perda arquitetônica após portaria do Iphan sobre Palácio Thomé de Souza

Ex-secretário destaca o valor simbólico da Praça Municipal

Bellintani alerta para risco de perda arquitetônica após portaria do Iphan sobre Palácio Thomé de Souza

Foto: Emanuelly Gonçalves/Metropress

Por: Metro1 no dia 16 de dezembro de 2025 às 13:00

Atualizado: no dia 16 de dezembro de 2025 às 13:07

A portaria publicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Diário Oficial da União, que estabelece diretrizes de preservação e critérios de intervenção para o Centro Histórico e a Cidade Baixa de Salvador, reacendeu o debate sobre o futuro do terreno do Palácio Thomé de Souza, na Praça Municipal. O anexo do documento trata especificamente das orientações para projetos no local onde hoje está a Praça dos Três Poderes.

Durante entrevista à Rádio Metropole, o empresário e ex-secretário municipal Guilherme Bellintani, classificou que a decisão do Iphan carrega um peso que vai além do aspecto técnico ou administrativo. Segundo ele, há um valor simbólico central na preservação da área, que não pode ser tratado como algo secundário.

"A primeira capital do Brasil ter uma praça central, o Marco Zero, a praça principal da cidade como centro de referência de poder, para mim isso é fundamental”, afirmou.

Bellintani defende que a preservação da Praça Municipal está diretamente ligada à própria fundação da lógica urbana do país. “É simbólico da fundação de toda a lógica urbana do Brasil. Salvador, como foi projetada, como foi desenvolvida, como foi criada, tem nisso uma representatividade muito grande. Há um ganho simbólico enorme em preservar essa ideia, na visão do Iphan”, disse.

Preservar, não substituir

Do ponto de vista urbanístico, Bellintani avalia que. “Todas as políticas de patrimônio histórico direcionam para um caminho de preservação, e não de substituição. Existe também uma lógica do urbanismo moderno e protecionista que diz: em vez de construir coisas novas, cuide de preservar o que já está construído”, explicou.

Nesse sentido, ele critica a lógica de demolir estruturas consolidadas para erguer novas edificações. “É antirracional a demolição de um prédio para construir outro, sendo que esse prédio já tem quarenta e tantos anos”, afirmou, ao lembrar que Salvador acumula perdas urbanas visíveis ao longo da história. “A gente olha fotos de 100 anos atrás e diz: olha o que tinha aqui e não tem mais. Talvez o Palácio Thomé de Souza entre nesse hall. Daqui a 20 ou 30 anos, a nova geração vai olhar e vai dizer: olha o que fizeram. E não vai dar mais tempo de voltar atrás.”

O conflito da volumetria e o legado de Lelé

Bellintani aponta, no entanto, um conflito claro entre a norma do Iphan e a realidade construída da cidade. Ele reconhece como legítima a lógica da volumetria histórica, que orienta que novas edificações respeitem o volume das construções originais. “É uma norma de patrimônio histórico bastante reconhecida internacionalmente”, afirmou.

Nesse ponto, Bellintani chama atenção para o legado do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, responsável pelo projeto do Palácio Thomé de Souza. “Onde estão as escadas de Lelé, os pontos de ônibus de Lelé, as passarelas de Lelé? O que sobra de Lelé em Salvador se sai o Palácio Thomé de Souza?”, questionou. Para ele, o arquiteto foi “o mais relevante da cidade nos últimos 50, 60, 70 anos”, e a eventual retirada do prédio representaria uma perda significativa para a memória arquitetônica da capital.

Prefeitura, não centro de convenções

Bellintani considera positivo o fato de a portaria afastar a possibilidade de instalação de um centro de convenções no local. “Ali não é lugar de centro de convenções. Ali é lugar da prefeitura municipal. Isso é um ganho”, afirmou.

Confira entrevista completa: