Saneamento e políticas sociais têm impacto direto na saúde, diz médico Maurício Lima Barreto

O epidemiologista Maurício Lima Barreto, um dos fundadores do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, destacou o impacto do programa de saneamento Bahia Azul na saúde da população de Salvador. Durante participação no programa Jornal da Bahia no Ar, da Rádio Metrópole, nesta quinta-feira (18), ele pontuou que a iniciativa permitiu avaliar, de forma inédita, os efeitos diretos do saneamento em contextos urbanos. “Nós tivemos a oportunidade de fazer uma avaliação dos efeitos do saneamento do programa Bahia Azul na saúde da população”, afirmou.

Maurício ressaltou que os resultados evidenciaram mudanças significativas, sobretudo na saúde infantil. “O impacto é imenso. A saúde das crianças em Salvador, a ocorrência de coisas como diarreias, parasitas intestinais, isso muda totalmente no pré-Bahia Azul e no pós-Bahia Azul”, disse. De acordo com o pesquisador, os dados foram amplamente documentados e reconhecidos pela comunidade científica internacional. “Os resultados estão publicados em revistas científicas internacionais e tiveram grande consideração esses estudos”, completou.

O epidemiologista explicou que, apesar de o saneamento ser historicamente associado à melhoria da saúde desde o século XIX, faltavam provas empíricas robustas. “Nunca tinha se efetivamente avaliado os efeitos do saneamento, principalmente em contextos urbanos, na saúde da população”, afirmou. Segundo ele, o estudo ganhou destaque justamente por preencher essa lacuna. “Era uma certa crença de que era verdade, mas não tinha provas de que era verdade. Então, a gente trouxe essas provas”, pontuou.

Ao abordar a relação entre pobreza e saúde, Maurício Lima Barreto também destacou os efeitos de políticas de transferência de renda. “Uma determinante das condições de saúde é a condição de pobreza”, disse. Ele acrescentou que há evidências consistentes sobre o impacto do Bolsa Família: “Temos vários estudos provando que o Bolsa Família tem efeitos na mortalidade infantil, mortalidade materna, nos suicídios, em doenças cardiovasculares, na desnutrição”. Segundo ele, a publicação desses dados em periódicos internacionais é fundamental para validar a qualidade das pesquisas.

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