
Saúde
Variante K do influenza A não representa risco imediato ao Brasil, avaliam especialistas
Detecção do vírus H3N2 no Pará não indica transmissão local e reforça importância da vacinação anual

Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
A confirmação, no Brasil, de um novo subtipo do vírus influenza A (H3N2), conhecido como “vírus K”, não representa motivo de alerta neste momento, avalia o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri. De acordo com o especialista, a circulação de diferentes variantes do influenza integra o comportamento natural do vírus, e ainda não há dados suficientes para indicar um impacto mais significativo na próxima temporada de gripe.
Segundo Kfouri, qualquer previsão sobre gravidade, duração ou intensidade da próxima sazonalidade da doença seria precipitada.
“Não sabe se essa vai ser a variante circulante e predominante ainda no mundo. Está começando a temporada no Hemisfério Norte. Nem sabemos se vai ser a temporada do H3N2 ou se vai vir outro H1N1. Isso é tudo muito teórico ainda”, disse Kfouri.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um comunicado alertando para o crescimento acelerado da circulação da variante K do Influenza A no Hemisfério Norte, especialmente em regiões da Europa, América do Norte e Leste Asiático.
No continente europeu, a atividade do influenza começou antes do período habitual. Entre maio e novembro de 2025, a variante K respondeu por quase metade dos casos de infecção registrados. Até agora, não foram observadas alterações relevantes na gravidade clínica, como aumento de internações hospitalares, admissões em unidades de terapia intensiva ou óbitos.
No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou, nesta semana, um boletim epidemiológico destacando, pela primeira vez, a identificação de um caso da variante K no país, no estado do Pará.
Nesta quarta-feira (17), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apresentou informações adicionais sobre o episódio. A amostra foi coletada em Belém (PA), em 26 de novembro, e analisada inicialmente pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Pará (Lacen-PA).
Após a confirmação de influenza A (H3N2), o material foi encaminhado ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), onde passou por sequenciamento genético.
O caso corresponde a uma paciente adulta, do sexo feminino, estrangeira, proveniente das ilhas Fiji, e foi classificado como importado. Até o momento, não há indícios de transmissão local da variante no território brasileiro.
Para Kfouri, a identificação de novas variantes faz parte do ciclo esperado do vírus influenza.
“Todo ano temos novidade do influenza. É da natureza do vírus sofrer mutações e causar epidemias anuais. Por isso, que precisamos tomar vacina todo ano. As vacinas são atualizadas conforme o que se consegue prever do que vai circular na temporada seguinte”, explicou.
O especialista ressalta que, mesmo quando existe alguma diferença genética entre a vacina e o vírus em circulação, a proteção permanece, sobretudo contra os quadros mais graves da doença. “O que faz às vezes com que a efetividade da vacina seja um pouco maior no ano do que no outro ano, mas nunca se perde a efetividade. Há sempre alguma perspectiva ou expectativa de proteção, especialmente contra desfechos mais graves de hospitalização e morte”, disse.
Pesquisadores da Fiocruz reforçam que a vacinação continua sendo a principal estratégia de prevenção. A composição do imunizante recomendada pela OMS foi atualizada em setembro, com cepas mais próximas das variantes atualmente em circulação, incluindo o subclado K.
“A composição da vacina de influenza recomendada pela Organização Mundial de Saúde foi atualizada em setembro para o próximo ano, com cepas mais próximas dos clados atualmente em circulação, incluindo o subclado K”, diz Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC.
Além da vacinação, as orientações incluem a higienização frequente das mãos, evitar contato próximo quando houver sintomas respiratórios, uso de máscara e busca por atendimento médico, especialmente em casos de febre. Para os serviços de saúde, a recomendação principal é manter o fortalecimento contínuo da vigilância epidemiológica, laboratorial e genômica.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.

