Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Saúde

'Médico tem que entender não só de corpo, mas de alma', diz Antônio Carlos Vieira Lopes

Presidente da Academia de Medicina da Bahia, obstetra falou sobre proliferação do curso de Medicina com campo de prática exímio

'Médico tem que entender não só de corpo, mas de alma', diz Antônio Carlos Vieira Lopes

Foto: Matheus Simoni/Metropress

Por: Juliana Almirante no dia 19 de junho de 2019 às 12:08

O médico ginecologista e obstetra Antônio Carlos Vieira Lopes, atual presidente da Academia de Medicina da Bahia, criticou a formação acadêmica dos médicos e a falta de oportunidades para que os estudantes exercitem o tratamento humanista aos pacientes.

"É uma das coisas que a gente vê com proliferação do curso de medicina com campo de prática exímio. Esses meninos não tem mais onde aprender, com a distância do professor ou até mesmo de um preceptor", declarou, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (19).

"A ementa do MEC exige que cada hospital tenha cinco leitos de SUS para cada estudante de Medicina. Essa proporção está totalmente invertida", completou. 
 
Antônio Carlos citou uma conversa que teve com um colega recentemente, que lembrou o uso de tecnologias que simulam as dores sentidas pelos pacientes.

"Como você pode exigir que sejam humanistas? As ementas dos cursos dizem que as faculdades têm que formar médicos com formação humanista. Ele pode ser humanista se está aprendendo com boneco que não tem alma? Médico tem que entender não só de corpo, mas de alma, claro", avalia. 

Ele conta a escolha pelo caminho da Medicina e, posteriormente, da obstetrícia, surgiu depois da morte de um tio, que faleceu antes de se formar como médico. O parente seria o primeiro filho do seu avô materno a conquistar um diploma de ensino superior. Mesmo com a tristeza ao perder o tio, Antônio resolveu fazer uma promessa para si mesmo e dar orgulho ao avô também estudando Medicina. 

"É uma coisa que você não pode imaginar a dimensão do que significa ser reconhecido como alguém que um dia participou da formação de uma família e do nascimento de alguém. Isso parece brincadeira, mas não é, não. Eu costumo dizer que os que nascem comigo são mais inteligentes (risos). Essas pessoas são realmente iluminadas", brinca.