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'Bolsonaro acha que pode determinar qual remédio tem que funcionar', diz médico Miguel Srougi

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'Bolsonaro acha que pode determinar qual remédio tem que funcionar', diz médico Miguel Srougi

Urologista revela ter votado no atual presidente, mas se arrepende: 'Queria voltar três anos em minha vida e poder lutar contra essa pessoa que está desgraçando o Brasil'

'Bolsonaro acha que pode determinar qual remédio tem que funcionar', diz médico Miguel Srougi

Foto: Divulgação/Sindhosp

Por: Matheus Simoni no dia 20 de maio de 2020 às 10:52

O médico urologista Miguel Srougi, professor da Universidade de São Paulo (USP), criticou as ações do governo federal e a falta de apoio ao combate ao coronavírus. Em entrevista a Mário Kertész hoje (20), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele reforçou que há uma luta para tentar vencer a doença, mas que os profissionais de saúde esbarram nas desigualdades presentes no país.

"O Brasil é único no mundo com suas características geográficas, densidade populacional, desigualdade e injustiça que prevalece ainda. Isso torna o combate ao vírus um processo muito complicado no Brasil. As regras da ciência nem sempre se aplicam aqui", declarou o especialista.

Ainda de acordo com Srougi, os principais países que conseguiram reduzir os impactos da pandemia aderiram ao isolamento social mais cedo. "Nós aprendemos, de fatos concretos, que países que instituíram um isolamento precoce e muito radical, por 20 ou 30 dias, são os que estão melhor posicionados agora. Isolaram todo mundo, ninguém saía de casa e ninguém exercia suas atividades. Portanto, o contato humano reduziu muito. A gente sabe que esse vírus, se ficar 14 dias em nosso organismo e a pessoa tiver a sorte de não ter um quadro grave, ele desaparece e sara sozinho. Se você isola as pessoas por três semanas, por exemplo, um isolamento total que é quase impossível, mas só para dar um exemplo, com as pessoas ficando em casa por esses dias, em até 20 dias o vírus some da cidade", acrescentou.

Questionado sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) na condução do país diante da crise, o médico revelou ter votado no atual presidente, mas se disse arrependido. "Por azar, eu votei no atual presidente. Queria voltar três anos em minha vida e poder lutar contra essa pessoa que assumiu o Brasil e está desgraçando o Brasil", declarou.

"É um desastre, nosso presidente agora passa os dias tendo que salvar e dar apoio às pessoas que o cercam. Ele diz que não é corrupto, está cercado por um bando de destrambelhados que não prestam. Em vez de se preocupar com os brasileiros que estão sofrendo, porque infelizmente não tiveram chance de crescer e ter emprego, desesperados por que querem preservar uma estrutura familiar fraca que já tem, e esse grupo lá de cima soltando piadas ridículas e ridicularizando os seres humanos, desprezando o valor da dignidade humana e existência", finalizou o urologista.