Terça-feira, 12 de agosto de 2025

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Artigos

/

Um tema conhecido, mas pouco cobrado: a influência dos EUA na política brasileira

Um tema conhecido, mas pouco cobrado: a influência dos EUA na política brasileira

A diplomacia brasileira não tomou nenhuma atitude durante o restante do governo Dilma, durante o governo Temer, e muito menos no governo Bolsonaro

Um tema conhecido, mas pouco cobrado: a influência dos EUA na política brasileira

Foto: Reprodução

Por: Metro1 no dia 18 de janeiro de 2024 às 00:00

Na verdade, nós não temos muita noção do que foi o começo da influência efetiva da atuação da CIA na política brasileira. Consequente não sabemos qual foi o grupo que começou realmente a desvirtuar a soberania política brasileira, nem muito menos podemos prever até onde isso levará. Isso porque estamos entre lutas das quais não participamos. Não somos centro da decisão e a periferia tem um destino periférico, então ficamos nisso mesmo.

Mas é curioso que desde os anos 1960, por inteiro, esse tipo de assunto ficou conhecido no Brasil. Interessou a muita gente e houve, tanto aqui como nos Estados Unidos, França e Itália, uma grande expansão desse interesse. Muitos livros e jornalistas americanos decidiram dedicar-se a esse tema ou observar a CIA, desvendar ações da CIA.

Um ex-agente da CIA tem um livro que narra o trabalho de vigilância contra os exilados brasileiros no Uruguai após 1964. E, apesar disso, quando se dá a redemocratização, vai ao poder a geração que naqueles anos 1960 esteve muito interessada nesse tema. E não era apenas por mera curiosidade, havia aqueles que pretendiam saber mais a fundo, ter mais noção, influir mais em um alerta necessário.

Ao chegar ao poder no fim da ditadura, e até hoje, nenhuma só providência brasileira foi tomada. Nada que demonstrasse levar a sério esse tema, institucionalizar o interesse por desvendar essas ações, por cobrar dos Estados Unidos. Aquilo, por exemplo, que o Edward Snowden revelou das escutas do Poder Brasileiro, dos presidentes, feitas pela agência nacional de segurança dos Estados Unidos, isso nunca foi devidamente cobrado.

Houve uma referência dura, pesada da ex-presidente Dilma, gravada, grampeada e nada mais. Não aconteceu nada. A diplomacia brasileira não tomou nenhuma atitude durante o restante do governo Dilma, durante o governo Temer, e muito menos no governo Bolsonaro. É espantoso esse relaxamento brasileiro, esse descaso pelas coisas sérias que dão trabalho e levam a certos riscos, até pessoais. É uma fuga permanente do que seria a responsabilidade intransferível. 

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às sextas-feiras