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Propaganda que mata
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Outra coisa, o avanço dos bloquinhos e os 25 anos d’Os Mascarados fizeram ressurgir no soteropolitano o gosto pela fantasia individual
Foto: Reprodução
A verdade é a seguinte: a gente gosta de reclamar. Toda vez que eu digo a alguém que o Carnaval de Salvador melhorou em diversos aspectos, me olham como se eu fosse um ET. E como se o certo (e até desejável) seria apenas falar mal, esculhambar, lamentar, dizer que antigamente, no meu tempo, é que era bom etc etc etc. Mas, para mim, de fato, a festa momesca, que frequento desde 1996 em nossa amada capital, está melhor em vários pontos. Por exemplo, a violência. Eu disse 96 e preciso fazer uma ressalva: fui ao carnaval antes disso, levado por minha mãe. Não sei o ano, mas lembro que odiei o festival de socos e pontapés a que assisti encurralado, morrendo de medo. E veja que era carnaval de bairro, no caso a Liberdade. Pois bem, hoje em dia, com o efetivo policial enorme, o monitoramento sofisticado e outros aparatos, as brigas e confusões são desbaratadas muito rapidamente.
Além de tudo, o grande aumento dos trios sem corda (outro aspecto, em si, de avanço em relação ao meu tempo) facilita a curtição mais mansa por parte do folião — grande parte das brigas eram/são provocadas pelo aperto das cordas sobre quem está na calçada, na pipoca. Pois bem, a verdade é que melhorou. Hoje em dia os circuitos carnavalescos estão mais seguros que as ruas do dia a dia. Não estou dizendo que é um mar de rosas, mas que o avanço me parece claro. Outra coisa, o avanço dos bloquinhos e os 25 anos d’Os Mascarados fizeram ressurgir no soteropolitano o gosto pela fantasia individual. Sou do tempo em que fantasia era sinônimo de abadá e/ou roupa de bloco afro. E só. Não havia mais piratas, palhaços, caveiras… quase nem sequer o famoso diabo da folia. Gosto de ver o povo esmerando a fantasia para sair na pipoca. É bonito e compensa a feiura que o Carnaval em si (com a ausência das mamãe sacode e das decorações caprichadas, feitas em parceria com a Escola de Belas Artes da Ufba) se tornou.
Por fim, me parece que melhorou também a qualidade das comidas de rua. Pelo menos um pouco. Ano passado comi uma coxinha na Barra (nunca que eu faria isso em 2005!) e tô até hoje aqui contando essa história. Bom Carnaval!
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