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Festival de cafajestada no Congresso

Festival de cafajestada no Congresso

A Lei Geral do Licenciamento Ambiental, aprovada no Senado, é devastadora do ponto de vista ambiental [...] praticamente tudo passa a ser permitido em áreas de preservação — um verdadeiro vale- tudo ambiental

Festival de cafajestada no Congresso

Foto: Reprodução

Por: metro1 no dia 05 de junho de 2025 às 07:45

Durante uma sessão no Congresso Nacional, testemunhamos um verdadeiro festival de cafajestada, tendo a ministra Marina Silva como alvo. Um dos personagens centrais foi o senador Marcos Rogério (PL-RO), conhecido como "o locutor da Covid", por usar uma voz grave — talvez de barítono — para defender o indefensável durante a pandemia. Ele próprio já admitiu ter apadrinhado R$ 184,1 milhões em emendas do chamado "orçamento secreto" (RP9). Em 2022, teve direito a indicar mais R$ 57 milhões. Agora, como relator setorial de Justiça e Segurança Pública do Orçamento de 2025, acolheu impressionantes R$ 1,1 bilhão em emendas parlamentares, especialmente de bancadas estaduais — que, claro, gastarão cada centavo com toda a “probidade” possível.

O outro personagem é o senador Plínio Valério, aquele que, tempos atrás, declarou vontade de “enforcar” a ministro Marina Silva. Esse mesmo senador aluga um chalé de pedra em uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável em Manaus, por mais de R$ 1.4 mil por noite — informação divulgada pelo site De Olho nos Ruralistas. Ele, portanto, tem motivos pessoais para se opor à ministra.

Enquanto isso, o projeto aprovado na semana passada no Senado (Lei Geral do Licenciamento Ambiental) é devastador do ponto de vista ambiental. Se analisarmos os itens, veremos que praticamente tudo passa a ser permitido em áreas de preservação — um verdadeiro vale-tudo ambiental. Penso, por exemplo, em cidades como Salvador, já pressionadas pelo mercado imobiliário. Com esse projeto aprovado, tudo se legaliza.

O projeto lista 13 tipos de empreendimentos que deixarão de ter controle ambiental, incluindo estações de tratamento de esgoto. Além disso, estados e municípios terão autonomia para dispensar o licenciamento de outros tipos de obras e atividades econômicas de impacto. É absolutamente a falta de controle de tudo.

*A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras