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3 Obás de Xangô, um filme para respirar...

3 Obás de Xangô, um filme para respirar...

Um filme para chamar de nosso, que recomendo aqui sem medo de ser feliz

3 Obás de Xangô, um filme para respirar...

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 25 de setembro de 2025 às 06:57

Anteontem assisti, finalmente, ao filme "3 Obás de Xangô", de Sérgio Machado, sobre a amizade vivida profunda e graciosamente entre Jorge Amado, Carybé e Dorival Caymmi. Disse finalmente porque fazia tempo que eu queria e não conseguia ver o dito cujo. Nesse ínterim, deu tempo inclusive de o filme ganhar, entre outros festivais, o troféu de "Melhor Documentário do Ano", pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Assisti no Cine Glauber Rocha, em plena Praça Castro Alves, e pude constatar, nos aproximadamente 75 minutos de projeção, que todos os prêmios e elogios foram/são merecidos. Machado fez Justiça ao legado dos três obás em sua obra. Machado de Xangô, Justiça de Xangô. Simbologias que pululam na tela de modo fluente e íntegro. O filme faz a gente pensar em e sentir outras tantas presenças que civilizaram essa terra, como o babalaô Martiniano do Bonfim, o antropólogo Vivaldo da Costa Lima, que faria 100 anos em 2025 (repito ante o esquecimento geral da nação), etc, além das que são citadas, como Mãe Aninha ou Mãe Senhora.

E faz a gente sentir aquele gosto bom da modernidade baiana, que marcou as obras dos retratados, todas muito vincadas pela força do candomblé e da cultura popular, mas também cheias de força e estilo pessoal. E faz a gente dar risada com as gaiatices que também marcaram a amizade dos três obás — Carybé cantando músicas de putaria a pedido de Jorge é uma maravilha! Um ponto altíssimo é a pesquisa de imagens do craque Antônio Venâncio, que faz do filme uma verdadeira imersão naquela Bahia que, vez ou outra, a gente sente medo de que se perca para sempre. Além dos homenageados, o elenco inclui Camafeu de Oxóssi, Gilberto Gil, Tiganá Santana, Goli Guerreiro, Lázaro Ramos, Muniz Sodré, Mãe Stella de Oxóssi, Zélia Gattai, Mãe Menininha do Gantois, Itamar Vieira Júnior e outros. As fusões plásticas e sonoras, canções de Caymmi sobre (ou sob?) imagens de Carybé, fazem clipes para constranger qualquer MTV da vida.

Enfim, um filme para chamar de nosso, que recomendo aqui sem medo de ser feliz. E pretendo ver outras vezes. Adalgisa mandou dizer...

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