Saudade de Osório!

Boa parte da minha vida profissional passei no mundo político.

Fui assessor e executivo. Conheci políticos sérios, alguns sem a competência necessária, outros  bem intencionados, e, ainda, aqueles com capacidade para tomar banana da mão de macaco…

Confesso que nunca foi difícil ter uma boa convivência com eles, mesmo aqueles de partidos adversários, a despeito da minha incapacidade inata para a dissimulação e para não me sensibilizar com  a técnica do elogio gratuito.

Quando era Secretário de Serviços Públicos e de Abastecimento, na histórica segunda gestão de Mário Kertész, chegava a me divertir com alguns personagens.

Talvez  o mais hilário tenha sido Osório Vilas Boas, figura inteligentíssima, simpática e divertida.

Raposa velha, Osório chegava ao meu gabinete sem marcar hora, prerrogativa que concedia a qualquer vereador, abria os braços para as  boas-vindas e, antes de me apresentar o seu pedido, que algumas vezes era impossível atender, falava alto para que todos da antessala pudessem ouvir:

- Já disse a Mário: o sucessor dele tem que ser você!

Limitava-me a devolver:

-Diga logo o quê você quer, Osório!

Ele tinha sido meu ídolo durante o tempo que levou o Bahia a conquista de grandes títulos. 

Gostava dele por isso e por admirar o seu jeitão tapeador de  “gato escondido com o rabo de fora”.

Quando reaparecia, mudava o refrão:

- Estou conversando com Mário sobre aquele assunto…

E quando a Câmara Municipal decidiu me honrar, por unanimidade, com o Título de Cidadão Soteropolitano, iniciativa do saudoso Ib Matos, o que não teria acontecido se eu não tivesse trabalhado com uma equipe de auxiliares de primeira linha e com um Prefeito que não me negava apoio e com quem muito aprendi, eis que surge Osório, sorridente, para me dar a grande notícia:

- A iniciativa foi de Ib, mas fui eu que pedi a ele para encaminhar!…

Saudade de Osório!