Entre o luxo do ballroom e a discriminação, série ‘Pose’ recria com sensibilidade a luta de corpos LGBT na Nova York marginalizada dos anos 80

Tem histórias que a gente sente que precisava ouvir. Pose, disponível na Disney+, consegue reunir várias delas. Ambientada na Nova York dos anos 80 e 90, a série mergulha na cena ballroom, um universo vibrante criado por pessoas LGBTQIAPN+, majoritariamente trans e negras, que encontraram ali um espaço para brilhar e resistir. Não à toa, Pose entrou para a história ao reunir o maior elenco trans já visto em uma produção de TV e levar essas narrativas ao centro da cultura pop.

A trama gira em torno das chamadas “casas”, famílias formadas por laços de afeto e sobrevivência, onde jovens expulsos de casa ou deixados de lado pela sociedade encontram acolhimento. Com atuações poderosas e uma narrativa que mistura dor, glamour e esperança, Pose trata de temas como racismo, transfobia, HIV e exclusão social.

Visualmente, entrega composições muito bem trabalhadas. A direção dá destaque às batalhas de voguing e aos momentos íntimos com igual sensibilidade. A trilha sonora é outro acerto: clássicos da disco, do pop e do soul embalam desfiles e momentos marcantes, enquanto a fotografia equilibra cor e sombra como quem entende que a vida é feita de contrastes.

Pose é uma obra sobre criar beleza onde não havia espaço nem para existir. É sobre ser família onde o mundo virou as costas. E no fim, é quase impossível não se pegar torcendo, chorando e celebrando com esses personagens que conseguem representar tanto.