Série ‘Entrevista com o Vampiro’ atualiza um clássico com crítica social, romance tóxico e existencialismo vampírico

Entrevista com o Vampiro, disponível no Prime Video, revisita o clássico de Anne Rice com uma abordagem mais íntima, moderna e provocadora. A série parte de uma longa conversa entre Louis de Pointe du Lac e um jornalista experiente, em que passado e presente se cruzam para reconstruir uma história de sedução, dor e sobrevivência.

Ao colocar a narrativa nas mãos de Louis, a série dá peso à perspectiva de um vampiro negro, homoafetivo e marcado por contradições, situado em uma Nova Orleans ainda profundamente racista no início do século XX. O resultado é um retrato denso, emocionalmente carregado e repleto de ambiguidade moral. A presença de Lestat, figura magnética e instável, tensiona ainda mais essa dinâmica.

A produção se destaca pela estética cuidadosa, uma direção de arte muito bem executada e fotografia que explora luz e sombra em igual medida. Os diálogos são construídos com densidade emocional e a trilha sonora contribui para o clima de decadência e fascínio. A obra não tenta justificar seus personagens ou suas ações, mas também não se apressa em condená-los.

Em poucas palavras, Entrevista com o Vampiro  consegue ser uma narrativa sobre poder, obsessão e pertencimento. Ao mesmo tempo em que explora os limites do amor e da destruição, também sugere, o tempo todo, que há algo a mais sendo escondido.