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No embalo do mercado de anabolizantes, filme Love Lies Bleeding, ambientado nos anos 80, explora os extremos do corpo e a corrosão emocional que químicos não resolvem

No embalo do mercado de anabolizantes, filme Love Lies Bleeding, ambientado nos anos 80, explora os extremos do corpo e a corrosão emocional que químicos não resolvem

História expõe dilemas que vão além das academias e refletem, à sua maneira, a vida real

No embalo do mercado de anabolizantes, filme Love Lies Bleeding, ambientado nos anos 80, explora os extremos do corpo e a corrosão emocional que químicos não resolvem

Foto: Divulgação

Por: Ismael Encarnação no dia 22 de agosto de 2025 às 11:04

O boom do fisiculturismo e a busca pelo corpo perfeito parecem ser marcas dos últimos anos, mas a obsessão não nasceu agora. Já nos anos 1970 e 1980, quando Arnold Schwarzenegger se tornou ícone global, músculos eram sinônimo de poder e status. A diferença é que, atualmente, a promessa desse corpo ideal se tornou mais acessível – embalada por fórmulas mágicas, químicas potentes e anabolizantes que circulam com uma facilidade assustadora.

É nesse cenário que se desenrola Love Lies Bleeding: O Amor Sangra, ambientado nos anos 1980. O filme de Rose Glass acompanha a trajetória de uma fisiculturista em ascensão, interpretada por Katy O’Brian, cuja rotina é marcada por treinos intensos, desejo, violência e sacrifícios. Mais do que músculos, o que está em jogo é a corrosão emocional de quem vive para superar limites que beiram o impossível.

A produção também mergulha em uma paixão arrebatadora, intensa o suficiente para se tornar combustível e veneno ao mesmo tempo. O romance que move a protagonista acaba atravessado por violência e obsessão, e essa mistura não demora a cobrar seu preço mais alto: a morte.

Esse aspecto torna Love Lies Bleeding ainda mais próximo da realidade atual. O Brasil vive um momento de consumo recorde de anabolizantes e suplementos, reflexo de uma pressão social que confunde estética com sucesso. A obra traduz esse dilema em imagens imersivas e sufocantes, revelando como o corpo pode ser ao mesmo tempo troféu e prisão.

Embora seja um thriller, o filme também funciona como uma crítica social. A busca pelo físico perfeito é retratada não como triunfo, mas como jornada de autodestruição que atravessa relações, escolhas e desejos. Entre a química do corpo, a violência da mente e a tragédia da paixão, a narrativa mostra que a perfeição corporal custa muito mais do que dinheiro.