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‘Pecadores’: filme com Michael B. Jordan mistura terror sobrenatural e crítica histórica

De autoria de José J. Veiga, uma das grandes obras do realismo fantástico nacional usa alegorias para falar de política
Foto: Reprodução
Imagine que você mora em um pequeno vilarejo, com uma vida pacata e tranquila, e percebe que, do nada, um grupo de homens acampou na cidade. Todo mundo acha estranho, mas ninguém diz nada. Pouco tempo depois, vem a surpresa: a cidade é invadida por dúzias e dúzias de cães, que perturbam a ordem e deixam os moradores com medo, mas somem sem nenhuma explicação. Como se não bastasse, a chegada de centenas de bois torna a situação ainda mais inconveniente.
Parece estranho, eu sei, mas essa é a trama do livro "A Hora dos Ruminantes", de José Jacinto Veiga. Considerado um dos maiores nomes do realismo fantástico em língua portuguesa, o autor usa essa alegoria para falar de política.
O livro foi lançado em 1966, portanto, pouco depois do golpe de 1964. A chegada inesperada dos homens, dos cães e dos bois foi uma forma encontrada pelo autor para criticar, de forma velada, os opressores do regime militar. Ao mesmo tempo, a reação dos moradores tem a ver com a passividade de algumas camadas da sociedade brasileira durante a ditadura.
A mensagem de "A Hora dos Ruminantes" poderia facilmente ser aplicada a outros momentos da história do país: a gente vê a ameaça se aproximando, mas subestima o perigo que ela representa. Eu li esse livro há mais de 10 anos e sempre gosto de voltar a ele.
O livro "A Hora dos Ruminantes", de José Jacinto Veiga, está disponível nos formatos físico e digital.
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