Indicações da Metropole
‘American Horror Story: 1984’ é um tributo ao slasher dos anos 80 sem abrir mão da própria identidade

De autoria de José J. Veiga, uma das grandes obras do realismo fantástico nacional usa alegorias para falar de política
Foto: Reprodução
Imagine que você mora em um pequeno vilarejo, com uma vida pacata e tranquila, e percebe que, do nada, um grupo de homens acampou na cidade. Todo mundo acha estranho, mas ninguém diz nada. Pouco tempo depois, vem a surpresa: a cidade é invadida por dúzias e dúzias de cães, que perturbam a ordem e deixam os moradores com medo, mas somem sem nenhuma explicação. Como se não bastasse, a chegada de centenas de bois torna a situação ainda mais inconveniente.
Parece estranho, eu sei, mas essa é a trama do livro "A Hora dos Ruminantes", de José Jacinto Veiga. Considerado um dos maiores nomes do realismo fantástico em língua portuguesa, o autor usa essa alegoria para falar de política.
O livro foi lançado em 1966, portanto, pouco depois do golpe de 1964. A chegada inesperada dos homens, dos cães e dos bois foi uma forma encontrada pelo autor para criticar, de forma velada, os opressores do regime militar. Ao mesmo tempo, a reação dos moradores tem a ver com a passividade de algumas camadas da sociedade brasileira durante a ditadura.
A mensagem de "A Hora dos Ruminantes" poderia facilmente ser aplicada a outros momentos da história do país: a gente vê a ameaça se aproximando, mas subestima o perigo que ela representa. Eu li esse livro há mais de 10 anos e sempre gosto de voltar a ele.
O livro "A Hora dos Ruminantes", de José Jacinto Veiga, está disponível nos formatos físico e digital.
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