Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Terça-feira, 07 de maio de 2024

Home

/

Notícias

/

Bahia

/

Ex-deputado, Aleluia destaca articulação política para trazer Ford para a Bahia

Bahia

Ex-deputado, Aleluia destaca articulação política para trazer Ford para a Bahia

Então parlamentar foi responsável por criar lei que deu incentivos fiscais para que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste atraíssem fábricas de automóveis

Ex-deputado, Aleluia destaca articulação política para trazer Ford para a Bahia

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 15 de janeiro de 2021 às 11:00

O ex-deputado federal José Carlos Aleluia foi um dos parlamentares responsáveis por garantir benefícios à montadora Ford para que ela se instalasse na Bahia. O ponta pé inicial se deu em 1997, com a aprovação da Lei Federal nº 9440/97, de autoria do então deputado, que criava uma série de incentivos fiscais para que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste tivessem capacidade de atrair fábricas de automóveis, que sempre tinham como destino as regiões Sul e Sudeste do país.

Em entrevista a Mário Kertész hoje (15), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele narrou os bastidores das negociações.

"No fim do governo do presidente Itamar, o Brasil, com grande descuido, não apresentou os programas de incentivo automotivo que ele tinha. Não tinha nenhum. Quando começou o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, no primeiro governo, ele lançou um programa que era a cópia do programa argentino. Percebendo aquilo, o governador na época, Paulo Souto, me ofereci para ser relator. Começou um processo de se implantar um polo automotivo na Bahia. Introduzi o regime automotivo no Nordeste e a Bahia começou a negociar com a Asia Motors", falou Aleluia.

Posteriormente, a negociação com a empresa asiática não chegou a avançar por conta de uma crise internacional. No entanto, após o governo manifestar interesse em tirar do Rio Grande do Sul a fábrica da Ford, o terreno em Camaçari ganhou outro destino. À época, o governador César Borges e o senador Antônio Carlos Magalhães, ambos do PFL, travaram uma batalha contra o governo de Fernando Henrique Cardoso.

"César foi muito hábil. O secretário de Indústria e Comércio era Benito Gama. Já tinha aguardando a diretoria da Ford um helicóptero que os levou para conhecer Camaçari. Eles viram que as coisas estavam preparadas para a Asia Motors. Começamos a desenvolver o programa. Tudo andava bem até o dia que tivemos um almoço no Palácio de Ondina onde estava o governador César Borges e o senador Antônio Carlos Magalhães com a bancada. Eu disse ao governador que temos que mudar a legislação, porque a atual já caducou os incentivos ao Nordeste", disse o ex-deputado.

"Teria que prorrogar. Aí começou uma batalha. Voltei a ser relator e o senador foi muito importante nesse processo. Havia uma oposição muito grande de São Paulo, do meu amigo, o governador Covas, para fazer a extensão do regime automotivo", afirmou. 

Aleluia foi relator da legislação na Câmara e chancelou todas as decisões do governo para viabilizar a fábrica da Ford. Ele chegou a ser questionado quando, na época das discussões no Senado, iniciaram acusações de que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria se aproveitado da tramitação da proposta.

"A empresa se instalou e voltei a ser relator do assunto no governo Lula, que teria que haver prorrogação. Uma coisa interessantíssima. Essa MP editada por Lula, fui ao então presidente da Câmara, Michel Temer, e disse que gostaria de relatar. Eu me comprometi com ele a não mudar nada, sem obstáculos. Ela é do interesse da Bahia e aprovei a medida em menos de uma semana. Havia acordo no plenário", contou o ex-deputado. 

"No Senado começou a haver muita discussão. Tanto é que existe um processo no MPF acusando o ex-presidente Lula de ter se aproveitado disso. Fui testemunha de defesa do ex-presidente Lula e passei uma hora e meia na Justiça Federal da Bahia. Fiz uma defesa tão grande dizendo que era do interesse nacional que o MP disse: 'Quer dizer que pode fazer tudo desde que seja do interesse nacional?' e eu respondi: 'Desde que seja honesto'. Eu não vi, neste episódio, nenhum indício de que o governo federal tenha cometido algum deslize", acrescentou.