Presidente da AFA cobra responsabilização em caso de ocultação de obras afro na Alba: "é vergonhoso"

O presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), Leonel Monteiro, criticou o episódio ocorrido na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), quando telas da exposição “Baianinhas”, da artista Teka Portela, foram viradas de costas durante um evento gospel promovido pelo deputado estadual José de Arimateia. O caso ocorreu na última terça-feira (11), no saguão Josaphat Marinho, e envolveu pinturas que retratam Orixás e elementos da cultura afro-brasileira.

“O que tem nos causado estranheza é que, exatamente quando acontece um evento gospel na Alba, promovido pelo deputado estadual José de Arimatea, os quadros que estão numa exposição da artista visual Teca Portela foram simplesmente virados de costas”, afirmou Leonel ao Metro1 nesta sexta-feira (14).

Segundo ele, é necessário identificar os responsáveis e verificar se houve anuência da presidência da Alba. “Essa atitude jamais deveria ter acontecido numa casa que deveria ser do povo, como a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, e que não traz nenhum benefício para a sociedade. Muito pelo contrário, apenas potencializa a disseminação do ódio religioso através da intolerância e do racismo religioso”, disse.

Leonel pontuou ainda que a situação é vergonhosa para um estado plural como a Bahia e contraria o princípio de laicidade previsto na Constituição Federal. “Isso é vergonhoso e nós também estamos acionando o Ministério Público para que o fato seja apurado e os responsáveis responsabilizados”, declarou. A AFA solicitou ao MP apoio para identificar os responsáveis pelo episódio, apurar a participação da presidência da Alba e ter acesso às imagens do circuito de câmeras de segurança.

Em nota enviada ao Metro1, a Alba informou que determinou a apuração do caso, mas ainda não recebeu nenhuma denúncia específica.