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Vencedora do Herzog de jornalismo, reportagem do Intercept fala de abusos do Grupo Maratá no Maranhão

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Vencedora do Herzog de jornalismo, reportagem do Intercept fala de abusos do Grupo Maratá no Maranhão

Empresa, que começou com a venda do fumo Maratá, ou “porronca”, hoje está em todos os estados do Brasil

Vencedora do Herzog de jornalismo, reportagem do Intercept fala de abusos do Grupo Maratá no Maranhão

Foto: Reprodução/The Intercept

Por: Metro1 no dia 28 de outubro de 2021 às 18:13

O 43º Prêmio Vladimir Herzog, anunciado neste mês, teve entre seus vencedores uma matéria que denuncia a ação do Grupo Maratá no Maranhão. A reportagem "Café com Pólvora", do portal The Intercept, mostra como funcionários do império alimentício usaram da violência para tomar a área de camponeses no estado. 

A empresa, que começou com a venda do fumo Maratá, ou “porronca”, hoje está em todos os estados do Brasil, possui seis plantas industriais em Sergipe e produz mais de 150 itens.

"O que talvez pouca gente saiba é que para a construção de parte desse império, centenas de homens, mulheres, crianças e idosos pagaram e ainda pagam, no Maranhão, um alto preço que não é revelado ao consumidor final. Pelo menos desde 2004, funcionários da empresa expulsaram com ameaças, destruição e incêndios camponeses que vivem e trabalham na zona rural do município de Timbiras, nordeste do estado, de terras disputadas pela empresa.", escreve Sabrina Felipe em reportagem. 

As famílias que vivem lá ocupam a área há quase um século, de acordo com depoimentos dos camponeses entrevistados. Muito antes de a Maratá e o seu fundador existirem. No entanto, a empresa alega que as áreas são suas. Os camponeses buscam que a justiça reconheça o direito das famílias sobre as áreas, com base em regras do Código Civil.

O ataque mais recente aconteceu em 13 de agosto de 2019, quando três homens com uniformes da Agromaratá, o braço agropecuário do grupo, atearam fogo em casas, estruturas e na produção dos camponeses, segundo relatos dos moradores. De acordo com a reportagem, eles afirmam que foram destruídas residências de taipa, duas casas de produção de farinha e sacas de farinha, milho, arroz e outros alimentos que as famílias tinham produzido nas comunidades Santa Maria e Jaqueira, a cerca de 13 km da sede de Timbiras. 

Além das denúncias de violência agrária, a Maratá foi flagrada em 2005 empregando mão de obra escravizada na fazenda Sagrisa, na cidade maranhense de Codó. Na operação, 27 pessoas foram libertadas – incluindo quatro adolescentes e uma criança de 11 anos.