Brasil
Vencedora do Herzog de jornalismo, reportagem do Intercept fala de abusos do Grupo Maratá no Maranhão
Empresa, que começou com a venda do fumo Maratá, ou “porronca”, hoje está em todos os estados do Brasil
Foto: Reprodução/The Intercept
O 43º Prêmio Vladimir Herzog, anunciado neste mês, teve entre seus vencedores uma matéria que denuncia a ação do Grupo Maratá no Maranhão. A reportagem "Café com Pólvora", do portal The Intercept, mostra como funcionários do império alimentício usaram da violência para tomar a área de camponeses no estado.
A empresa, que começou com a venda do fumo Maratá, ou “porronca”, hoje está em todos os estados do Brasil, possui seis plantas industriais em Sergipe e produz mais de 150 itens.
"O que talvez pouca gente saiba é que para a construção de parte desse império, centenas de homens, mulheres, crianças e idosos pagaram e ainda pagam, no Maranhão, um alto preço que não é revelado ao consumidor final. Pelo menos desde 2004, funcionários da empresa expulsaram com ameaças, destruição e incêndios camponeses que vivem e trabalham na zona rural do município de Timbiras, nordeste do estado, de terras disputadas pela empresa.", escreve Sabrina Felipe em reportagem.
As famílias que vivem lá ocupam a área há quase um século, de acordo com depoimentos dos camponeses entrevistados. Muito antes de a Maratá e o seu fundador existirem. No entanto, a empresa alega que as áreas são suas. Os camponeses buscam que a justiça reconheça o direito das famílias sobre as áreas, com base em regras do Código Civil.
O ataque mais recente aconteceu em 13 de agosto de 2019, quando três homens com uniformes da Agromaratá, o braço agropecuário do grupo, atearam fogo em casas, estruturas e na produção dos camponeses, segundo relatos dos moradores. De acordo com a reportagem, eles afirmam que foram destruídas residências de taipa, duas casas de produção de farinha e sacas de farinha, milho, arroz e outros alimentos que as famílias tinham produzido nas comunidades Santa Maria e Jaqueira, a cerca de 13 km da sede de Timbiras.
Além das denúncias de violência agrária, a Maratá foi flagrada em 2005 empregando mão de obra escravizada na fazenda Sagrisa, na cidade maranhense de Codó. Na operação, 27 pessoas foram libertadas – incluindo quatro adolescentes e uma criança de 11 anos.
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