
Brasil
Corpo de Juliana Marins chega ao Brasil; nova autópsia será feita a pedido da família
Família quer esclarecer se houve negligência no resgate na Indonésia; Brasil pode abrir investigação própria

Foto: Reprodução/Redes Sociais
O corpo da publicitária Juliana Marins chegou a São Paulo no fim da tarde desta terça-feira (1º), seis dias após ser resgatado no monte Rinjani, na Indonésia. A urna funerária segue para o Rio de Janeiro, com chegada prevista para as 18h30, onde será realizada uma nova autópsia no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto.
A nova perícia, solicitada pela família, poderá subsidiar uma investigação internacional sobre as circunstâncias da morte, segundo a defensora regional de direitos humanos Taísa Bittencourt.
A decisão foi confirmada pelo governo federal, que, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), atendeu voluntariamente ao pedido da família. A AGU solicitou à Justiça Federal uma audiência urgente para definir os detalhes do novo exame.
Relembre o caso
Juliana caiu em uma trilha no dia 20 de junho e só foi localizada no dia 23, com auxílio de drone térmico. No dia seguinte, equipes conseguiram alcançar o local e constataram sua morte. O corpo foi resgatado no dia 25 com múltiplas fraturas e hemorragia interna, segundo o laudo inicial.
Há indícios de que ela tenha sofrido mais de uma queda. Imagens de drones mostraram Juliana em locais diferentes entre os dias 21 e 25. Segundo o legista, ela pode ter sobrevivido por até quatro dias após o primeiro acidente.
A família acusa negligência no resgate e cobra responsabilização. Uma das principais críticas é a ausência de estrutura e prontidão no Parque Nacional do Monte Rinjani. A polícia de Lombok afirma já ter ouvido quatro testemunhas, incluindo o guia Ali Musthofa, que teria deixado Juliana para trás.
As autoridades locais alegam dificuldades com o terreno, o clima e a falta de estrutura como causas para a demora no resgate. Montanhistas relataram que o parque não possui equipe de plantão nem equipamentos adequados, e que é comum depender de voluntários reunidos após os acidentes.
Outro ponto de incerteza é a hora da morte. A agência de resgate da Indonésia informou que ela já estava sem vida na noite de terça (24), mas o legista brasileiro estimou o óbito entre 14h de terça e 2h de quarta, no horário de Brasília.
Também não está claro por que Juliana não usava casaco, considerando as temperaturas de até 4°C à noite na montanha. As imagens iniciais mostraram que ela vestia apenas calça, camiseta, luvas e botas — não se sabe se levava mochila ou outros equipamentos.
A nova perícia no Brasil, apesar do estado avançado de deterioração do corpo, será feita “com base nas normas e nas leis brasileiras”, afirmou a defensora Taísa Bittencourt. “Os peritos têm dúvidas se vão conseguir efetivamente constatar algo, mas é desejo da família entender, na nossa cultura, o que efetivamente aconteceu”, completou
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.