Brasil lidera consciência ambiental, mas fica entre os últimos em prática de reciclagem

O Brasil lidera o ranking global de consciência sobre a importância de separar e reciclar resíduos: 90% dos entrevistados consideram a prática essencial. Mas quando o foco é o comportamento real, o país despenca: apenas 64% afirmam reciclar no dia a dia, índice que coloca o Brasil na penúltima posição entre as 13 nações analisadas pelo estudo ESG Trends 2025.

Segundo Silvio Pires de Paula, fundador e presidente da Demanda Pesquisa e Desenvolvimento de Mercado, responsável pelo levantamento no país, o abismo entre discurso e prática decorre de falhas estruturais. “Observamos no Brasil, sobretudo fora dos grandes centros, a ausência de coleta seletiva em muitos municípios, a baixa remuneração dos catadores e a falta de incentivos fiscais para a reciclagem. Além disso, a responsabilidade pelo descarte correto ainda recai sobre o cidadão, enquanto as políticas de logística reversa avançam lentamente”, afirma.

De Paula destaca ainda que, apesar da elevada consciência ambiental, o sistema não oferece condições para transformar essa percepção em hábito. “Falta infraestrutura, informação e, principalmente, corresponsabilidade das empresas”, diz.

O estudo conclui que o país desperdiça um grande potencial. “Se a percepção de importância se convertesse em prática, o Brasil poderia se tornar uma potência em reciclagem, movimentando a economia e reduzindo significativamente o impacto ambiental dos resíduos urbanos”, ressalta o executivo.

Na comparação internacional, abaixo do Brasil aparecem Tailândia e Grécia (ambas com 63%), seguidas pelos Estados Unidos, última colocação com 57%. Na ponta oposta, lideram Bélgica (88%), França (86%) e Suécia (81%).

No Brasil, o levantamento foi conduzido pela Demanda Pesquisa e Desenvolvimento de Mercado. Globalmente, os dados são consolidados pela Global Market Research, organização especializada em estudos comparativos internacionais. O ESG Global Market Research monitora percepções sobre ESG em 13 países da América do Norte, Europa e Ásia.

A pesquisa ouviu 7.298 pessoas, entre 10 de julho e 15 de agosto de 2025, com margem de erro de 1,15 ponto percentual e metodologias CAWI (entrevistas pela web) e CAPI (entrevistas presenciais).