Motta quer decidir sobre Eduardo e votar cassação de Zambelli, Ramagem e Glauber até o recesso

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), comunicou nesta terça-feira (9) aos líderes partidários que pretende colocar em votação, até o início do recesso legislativo na próxima semana, a perda de mandato dos deputados Carla Zambelli (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ).

Motta informou ainda que a Mesa Diretora analisará a situação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que ultrapassou o limite de faltas permitido e também corre risco de cassação. O parlamentar está nos Estados Unidos desde março.

Se confirmada, a decisão representará uma mudança de postura em relação à tolerância que vinha sendo adotada com deputados bolsonaristas que deixaram o país para evitar processos judiciais, mas continuaram exercendo o mandato.

Eduardo Bolsonaro não participa das sessões desde março, período no qual a manutenção de sua equipe já custou mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos. Zambelli está presa na Itália e afastada do cargo por decisão do STF, mas a Câmara vem adiando há cinco meses o cumprimento da determinação.

Motta já havia proibido que parlamentares votassem do exterior em sessões remotas, mas manteve, até agora, os mandatos e equipes, inclusive nos casos em que havia ordem judicial de afastamento.

Eduardo Bolsonaro permanece nos EUA alegando que o STF recolheria seu passaporte para impedir articulações internacionais contra o julgamento do pai. O Conselho de Ética rejeitou por 11 a 7 a abertura de processo disciplinar contra ele por tentar influenciar o governo americano a impor sanções ao Brasil.

Alexandre Ramagem também fugiu para os Estados Unidos durante o julgamento da trama golpista no STF. Condenado a 16 anos e um mês de prisão, teve a perda de mandato determinada pelo Supremo. Em setembro, mudou-se para um condomínio de luxo em North Miami, de onde seguia gravando vídeos e votando à distância respaldado por atestado médico.

Já Glauber Braga teve a cassação recomendada pelo Conselho de Ética em abril, após agredir um militante do MBL. No mesmo dia, iniciou uma greve de fome, encerrada somente depois de Motta se comprometer a não pautar o caso no primeiro semestre. O deputado afirma ter reagido após o militante ofender sua mãe, então em estágio avançado de Alzheimer, e diz ser alvo de perseguição política atribuída ao ex-presidente da Câmara Arthur Lira, que nega.