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Com mais 4 mil vagas em 5 anos, Zona Azul continua antiquada e deixando motorista refém

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Com mais 4 mil vagas em 5 anos, Zona Azul continua antiquada e deixando motorista refém

Não precisa muito para ser uma cidade mais desenvolvida que Salvador quando o quesito é estacionamento. Cidades muito menores como Itabuna, no interior do estado, e Aracaju, em Sergipe, deixam Salvador com vergonha do atraso tecnológico em que está imersa [Leia mais...]

Com mais 4 mil vagas em 5 anos, Zona Azul continua antiquada e deixando motorista refém

Foto: Tácio Moreira/Metropress

Por: Bárbara Silveira no dia 11 de maio de 2017 às 08:19

Atualizado: no dia 11 de maio de 2017 às 08:20

Não precisa muito para ser uma cidade mais desenvolvida que Salvador quando o quesito é estacionamento. Cidades muito menores como Itabuna, no interior do estado, e Aracaju, em Sergipe, deixam Salvador com vergonha do atraso tecnológico em que está imersa.

Para deixar o veículo na chamada Zona Azul, o soteropolitano precisa ter a cartela de estacionamento, vendida em pontos fixos por guardadores de carro. Só que o problema é que esses guardadores nem sempre são encontrados para comercializar o produto. Sem ter onde comprar, o motorista que se arrisca a deixar o carro sem a cartela tem um destino certo: multa no fim do mês.

Cobrada pela Metrópole, a Prefeitura de Salvador garante que o modelo obsoleto tem os dias contados. Só que isso é dito desde 2015, quando foi encomendado um estudo para renovar o sistema de estacionamento.

Próprio secretário admite
Secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota reconheceu que a Zona Azul soteropolitana está anos-luz atrás da maioria das cidades. “É um sistema arcaico, ultrapassado. Estamos trabalhando no intuito no melhorar”, disse.
De acordo com o secretário, uma das opções de modernização seria a criação de um aplicativo administrado pela Transalvador. “Uma forma de você fazer a recarga pelo próprio aplicativo. É um sistema que precisa passar por uma reformulação e, com certeza, passará”, completou.

Pagar vagas por Aplicativo já é realidade em Aracaju e Itabuna
Nos últimos anos, Salvador apostou em ações que, embora de fato melhorem o trânsito, também arrecadam bastante para a Prefeitura: o fortalecimento das blitzes, novos pátios para receber mais carros apreendidos... No entanto, não houve qualquer mudança no modo de cobrar o estacionamento.

Cidades como Aracaju e Itabuna resolveram isso de maneira simples, pelo celular. “Em Itabuna, o aplicativo tem sistema de monitoramento e ele registra o estacionamento, a compra”, explicou o secretário de Trânsito da cidade, Cláudio Dourado.

Contratado em 2015, estudo de R$ 2 mi terá resultado “em 70 dias”
Em 2015, um estudo para avaliar a privatização da Zona Azul foi feito pelo custo de R$ 2 milhões. A empresa escolhida através de Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) foi a Hora Park, que também deveria checar a viabilidade de um estacionamento subterrâneo, edifícios-garagem e robotizados. Só que, quase 2 anos depois, o estudo ainda não teve conclusão. “Vai avaliar qual modelo vai implantar: se é parquímetro, por sistema de monitoramento ou se vai continuar da mesma forma. Nos próximos 70 dias devemos ter uma orientação”, prometeu o secretário Fábio Mota.

Cartela falsa é realidade
O radialista Noel Tavares teve uma surpresa nada agradável após comprar uma cartela na Av. Tancredo Neves. “Quando retornei, um guarda disse que eu tinha sido multado. Eu disse que paguei a cartela e ele respondeu que era falsa. Fui atrás dos agentes. Quando eu olhei, o guardador que me vendeu estava com esses agentes. Uma agente disse para ele: ‘Eu disse pra você não dar essa cartela aqui. Dê lá, aqui não’”, contou, ressaltando o absurdo de se tolerar cartelas falsas, ainda que fora da Zona.
À Metrópole, a Transalvador confirmou a falsificação, mas não explicou como o motorista deve proceder nesses casos.

“Na orla, falta guardador mesmo”
Cláudio Fonseca trabalha como guardador de carros na área da Zona Azul da Avenida Tancredo Neves há quatro anos e reconhece que, algumas vezes, os guardadores não estão onde deveriam. “Acontece de o guardador se atrasar”, afirma.
Segundo ele, faltam guardadores em áreas de Salvador. “Na Orla, às vezes, falta guardador mesmo”, explica. E a Metrópole confirmou essa fragilidade: fomos em dois pontos da Orla, da Boca do Rio a Patamares, e não encontramos um guardador sequer.

Motorista ameaçada
A microempresária Mônica Matos foi uma das prejudicadas pela ausência de guardadores. Há cerca de um mês, ela estacionou o carro por volta das 7h em Jaguaribe — onde a Zona Azul custa R$ 6 — e não encontrou ninguém que vendesse a cartela oficialmente. “Saí 7h40 e o guardador, flanelinha mesmo, me cobrou R$ 10. Eu questionei que cheguei 7h, mesmo assim ele cobrou. Ele me ameaçou, disse que ia anotar minha placa e levar para a Transalvador e que ali eu não colocava mais, que se voltasse eu ia ver só”, disse. Com medo, Mônica precisou da intercessão de um vendedor de coco, que tentou “acalmar” o guardador que a ameaçava.