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Em resposta às queixas, a empresa americana afirmou que as “as revisões nos percentuais de descontos estão previstas em contrato e que os alunos foram informados”
Foto: Tácio Moreira / Metropress
O sonho do ensino superior não está na corda bamba apenas para os alunos da Laureate, que administra a Unifacs na Bahia. Após publicação do Jornal da Metrópole na semana passada, diversos alunos procuraram a reportagem para apontar aquilo que muitos já suspeitavam: a bolha do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) está para estourar. Outro grupo milionário, com filial na Bahia, tem colocado os estudantes de cabelo em pé. Donos da UniRuy, a Wyden tem realizado também cortes nas bolsas e, assim como na Unifacs, trocado professores com mestrado e doutorado por outros com menos especializações. Bianca França*, aluna da instituição, não sabe se conseguirá renovar a matrícula. “Meu curso é muito caro e, sem desconto, fica impossível. Além disso, eu fiquei semestre passado sem professor em uma matéria. É um absurdo. Parece uma escola pública”, reclamou.
Fies ajudou a financiar ensino superior; cortes desestruturaram instituições
Com suas bases criadas em 1976, o Fies foi reformulado ainda em 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso. No governo Lula, em 2000, foi ampliado e cobrava juros de 3,4% ao ano. Em 2014, o programa injetou R$ 13 bilhões nas instituições de ensino superior. Com a crise, o governo foi promovendo cortes constantes. As instituições de ensino não têm conseguido manter o equilíbrio fiscal. No início desse ano, das 100 mil vagas ofertadas pelo Fies, apenas 38% foram preenchidas, de acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). É a pior taxa de ocupação desde 2016. Diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas, afirma que as regras do Fies, priorizando cursos da área da saúde, engenharia e formação de professores, estão dissociadas dos desejos dos candidatos.
Unifacs culpa governo federal após cortes
Após a matéria da semana passada, que mostrava a onda de cortes na Unifacs, alunos ouvidos pelo Jornal da Metrópole afirmaram que nada mudou na relação com a instituição. Há poucos dias de iniciar as aulas do segundo semestre, boa parte não sabe se conseguirá honrar com o novo valor da mensalidade. Em contato com o JM, a instituição voltou a negar que os cortes foram arbitrários. Eles explicaram que, parte do remanejamento dos descontos, aconteceu por conta dos cortes promovidos pelo governo federal no Fies. Com isso, a universidade optou por reservar parte do seu faturamento para bancar, por conta própria, um financiamento nos moldes do programa federal.
Associação vai ao MP por mensalidade
Membro da Associação dos Pais e Estudantes de Medicina do Estado da Bahia, Ruy Barreto afirma que o grupo vai representar contra a Laureate no Ministério Público por conta dos preços que são cobrados no curso de medicina. Hoje, a mensalidade está em torno de R$ 9 mil. “Vamos alegar que os reajustes promovidos não são transparentes. As bolsas foram retiradas sem diálogo”. Segundo Barreto, os funcionários da Unifacs nada podem fazer. “A Laureate está lá nos Estados Unidos”, diz.
Wyden também nega cortes
Em resposta às queixas, a Wyden, empresa americana que está à frente da UniRuy, afirmou que as “as revisões nos percentuais de descontos estão previstas em contrato e que os alunos foram informados”. O grupo afirmou que a demissão de professores não é precariza o ensino. “A Wyden esclarece, ainda, que a saída de alguns professores se deu em processo que faz parte do ciclo avaliativo da instituição e que está de acordo com a legislação trabalhista”.
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