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'Me encontrei na história da arquitetura e no ensino', conta Francisco Senna

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'Me encontrei na história da arquitetura e no ensino', conta Francisco Senna

Arquiteto diz que sua maior felicidade como professor era o contato com os alunos

'Me encontrei na história da arquitetura e no ensino', conta Francisco Senna

Foto: Tácio Moreira/Metropress

Por: Juliana Almirante no dia 29 de julho de 2019 às 12:40

Em entrevista à Rádio Metrópole hoje (29), o arquiteto Francisco Senna relembrou sua trajetória profissional e contou como se encontrou nos segmentos de história e ensino da arquitetura. 

A oportunidade de atuar como professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) surgiu em 1977, quando substituiu um docente que tirou licença prêmio. No ano seguinte, ele foi aprovado em um concurso e iniciou a carreira acadêmica, em que atuou até se aposentar, com 34 anos de ensino.

"Eu fui ser professor e comecei a me encontrar. Eu estudei arquitetura para projetar. Meu interesse era ter escritório de arquitetura. Não cheguei a montar, fiz cinco projetos só, em minha vida. Me encontrei na história da arquitetura e no ensino", comemora. 

Francisco diz que sua maior felicidade como professor era o contato com os alunos e chegava até mesmo a ministrar uma disciplina extra aos sábados, para apresentar aos alunos o centro histórico de Salvador, do recôncavo baiano e de outras cidades baianas. 

"A minha responsabilidade com isso não era tanto com uma instituição, mas com o alunato. Então tinha cumplicidade quase cármica com os alunos. Isso fez com que tivesse reciprocidade grande e a disciplina começasse a fluir na universidade", diz. 

Já a proximidade com a história da arquitetura surgiu quando foi convidado para integrar uma equipe que realizou o inventário de proteção do acervo cultural da Bahia, o que o levou a fazer bastante trabalho de campo.

"Visitei todos os 417 municípios do estado da Bahia. Municípios, distritos, fazendas, buscando documentos, inventariando, catalogando, identificando. Foi um trabalho fantástico. Isso me deu uma base para o conhecimento da história da arquitetura da Bahia", relata. 

A atuação de Francisco Senna também passou pela direção da Fundação Gregório de Mattos. "Aceitei por se tratar de uma área de interesse, que é a cultura, e o trato com monumentos da cidade. Cada gestor, pelo seu perfil, privilegia um segmento. Eu atuei em todos os segmentos, mas realizei, sem modéstia, um grande trabalho na reconstrução dos monumentos da cidade", afirma. 

O arquiteto também fez uma avaliação sobre o desenvolvimento arquitetônico da capital baiana e da preservação da nossa história.  

"Acho muito pálido. Acho que o grande problema de nós, na Bahia, é não darmos continuidade às ações. Se um projeto é implantado por um governo, ele deixa de ser um projeto de Estado, mas de gestão.  Então, lamentavelmente, não existe continuidade. Hoje se privilegia dois focos: o carnaval e o turismo. A cidade não pode ser construída para isso. Isso tem que ser consequência do muito que o povo oferece como qualidade de vida. É o que atrai. Então a recuperação do centro histórico que foi feita relativamente bem do ponto de vista físico, mas do ponto de vista da ocupação é um desastre", comentou.