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Escritor narra história de desembargador que cometeu primeiro feminicídio do Maranhão

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Escritor narra história de desembargador que cometeu primeiro feminicídio do Maranhão

O livro "O Crime do Desembargador Pontes Visgueiro" foi escrito pelo juiz do estado do Maranhão e professor de Direito Penal da UFMA José Eulálio Figueiredo de Almeida

Escritor narra história de desembargador que cometeu primeiro feminicídio do Maranhão

Foto: Divulgação/ TRE-MA

Por: Juliana Almirante no dia 10 de outubro de 2019 às 09:03

A história de um desembargador que se apaixonou por uma prostituta e cometeu o primeiro feminicídio registrado no estado do Maranhão é contada no livro "O Crime do Desembargador Pontes Visgueiro".

A obra foi narrada pelo escritor, o juiz do estado do Maranhão e professor de Direito Penal da UFMA José Eulálio Figueiredo de Almeida, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (10). 

O desembargador José Cândido de Pontes Visgueiro era celibatário e conheceu a jovem Maria da Conceição quando tinha 62 anos. Ele começou a manter uma relacionamento com ela e pagava os custos de vida dela e da mãe. No entanto, eles não se casaram e José Cândido acabou descobrindo que ela continuava tendo relações com outros homens. 

"Aquilo era escândalo para sociedade, porque o membro da mais alta corte estadual tinha conduta irreprochável passou a ser visto com aquela garota. Em uma das situações, ele a flagrou com militar e dessa vez o perdoou. Depois voltou a flagrada com um jovem estudante e planejou que ia se vingar dela", afirmou.

José Eulálio conta que o magistrado acabou planejando o crime de ódio contra a moça e adquiriu dois caixões, um de madeira e outro de zinco, ambos para enterrar o corpo dela em casa. O crime acabou descoberto pela mãe, que sentiu falta da moça, vista pela última vez na casa do companheiro. 

"Ele foi para o estado vizinho de piauí e de lá trouxe escravo. Comprou facas e cordas. Mandou fazer dois caixões e conseguiu trazer ela para casa dele. Ele esquartejou ela todinha e enterrou no quintal da casa dele. Por ordem do Supremo Tribunal Federal, entraram na casa dele e encontraram o corpo", diz o juiz. 

José Cândido foi condenado, perdeu o cargo e cumpriu pena de prisão perpétua. O livro que conta a história do caso acabou dando origem a uma lei estadual que criou o Dia Maranhense de Combate à Violência de Gênero contra a Mulher, no dia 14 de agosto, data em que o crime contra Maria da Conceição ocorreu, 

"Foi o primeiro crime de feminicídio que ocorreu no estado. Crime de ódio e vingança cometido por um homem rico que tinha influência, contra uma mulher pobre analfabeta e indefesa, que não poderia imaginar que homem que dizia que era apaixonado por ela poderia fazer isso com ela", afirma o escritor. 

O livro pode ser adquirido na sede da Associação Maranhense de Escritores Independentes, em São Luis.