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Domingo, 24 de março de 2024

Cidade

Unifacs obriga professores a cederem aulas em vídeo e ameaça colaboradores de demissão

A instituição afirma não existir “interesse em usar o material gravado pelos docentes para qualquer outra finalidade que não a própria aula”

Unifacs obriga professores a cederem aulas em vídeo e ameaça colaboradores de demissão

Foto: Tácio Moreira / Metropress

Por: Alexandre Galvão no dia 27 de abril de 2020 às 13:20

A Unifacs, do grupo americano Laureate, adotou uma nova postura com os professores que compõem a instituição. Desde a semana passada, tem obrigado que docentes gravem aulas sob o pretexto de passar o conteúdo para classes online em que eles lecionam, por conta da pandemia do novo coronavírus. O contrato, no entanto, prevê a cessão completa dos direitos de imagem e voz, sem que eles recebam nenhum valor adicional por conta da gravação, ou posterior aproveitamento das gravações. 

A instituição afirma não existir “interesse em usar o material gravado pelos docentes para qualquer outra finalidade que não a própria aula”.

O Metro1 teve acesso ao documento que diz, em uma das suas cláusulas, que o professor cede “plenamente” os seus direitos. “O cedente se declara plenamente ciente de que este instrumento pode ser assinado/aceito de forma eletrônica, manifestado expressamente sua total concordância com esta forma de assinatura/aceite, reconhecendo este instrumento particular de utilização e cessão de direitos de imagens, nome e voz de professor”. 

Além disso, a Unifacs afirma no contrato que o conteúdo poderá ser exibido em qualquer lugar do mundo, em ambientes virtuais de aprendizagem e vale até mesmo se o professor for desligado do grupo educacional.

Com a chegada do papel, nem todos os professores estão contentes com os termos. Em contato com a reportagem, um dos funcionários da Unifacs se queixou e disse que se sentiu coagido a concordar com os pontos do contrato. 

“A gente está colocando ali anos de estudo, experiência, e a instituição não quer nos remunerar por esse conhecimento que vai ser passado outros tantas vezes, para tantos lugares do mundo. É um absurdo. Eu fiquei com medo de ser demitido se não assinasse, pois foi isso que eu ouvi”, afirmou, ao Metro1. 

Essa, no entanto, não é a primeira crise que passa pela Unifacs.  Em julho do ano passado, a instituição foi acusada de encerrar, unilateralmente, o desconto concedido a estudantes. Este ano, discentes pediram a suspensão do semestre vigente, por conta da "baixíssima" qualidade das aulas virtuais. Alunos pedem ainda redução na mensalidade por conta da pandemia do novo coronavírus.

Contatada pela Metrópole, a instituição diz que as cláusulas garantem a “segurança” dos professores e afirma que “solicitou ajustes para que não haja dúvidas sobre o teor e necessidade do material”.

Leia a resposta completa

NOTA PARA IMPRENSA
 
A Universidade Salvador – UNIFACS esclarece que para garantir que todos os alunos pudessem ter acesso às aulas remotas e síncronas, mesmo em momentos de instabilidade da internet, foi necessário orientar que os docentes gravassem suas aulas dentro do Collaborate, plataforma utilizada pela instituição. As disciplinas ficam acessíveis por um tempo determinado e o conteúdo é utilizado pelos alunos da turma a qual o docente ministrou a aula.
 
A instituição reforça que não há nenhum interesse em usar o material gravado pelos docentes para qualquer outra finalidade que não a própria aula. Esclarecemos ainda que a disponibilização dos termos de cessão de direitos de imagem são uma segurança para os professores, grandes parceiros da instituição neste momento, justamente para protegê-los de qualquer uso inadequado ou não autorizado.
 
Dessa forma, ao identificar que alguns docentes tinham dúvidas sobre pontos que constam no termo, a UNIFACS solicitou ajustes para que não haja dúvidas sobre o teor e necessidade do material.
 
Universidade Salvador – UNIFACS