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Economista avalia impactos da pandemia e propõe repensar papel do Estado na sociedade

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Economista avalia impactos da pandemia e propõe repensar papel do Estado na sociedade

“Livro 'Curto-circuito' tem duplo sentido, o primeiro é curto-circuito na própria economia, o segundo é justamente um curto-circuito no governo Bolsonaro”, disse Laura Carvalho

Economista avalia impactos da pandemia e propõe repensar papel do Estado na sociedade

Foto: Metropress

Por: Luciana Freire no dia 07 de julho de 2020 às 13:03

A economista e professora universitária Laura Barbosa de Carvalho comentou sobre seu livro 'Curto-circuito: O vírus e a volta do Estado', parte de uma coletânea que registra diversas perspectivas sobre a pandemia do coronavírus. “ 'Curto-circuito' tem duplo sentido, o primeiro é curto-circuito na própria economia, o segundo é justamente um curto-circuito no governo Bolsonaro”.

"O que me pareceu interessante foi analisar vários exemplos concretos que nos fazem repensar o papel do Estado na sociedade. Destaquei cinco funções do Estado que a pandemia ajuda a escancarar, e a partir de cada um deles tentei analisar como esse papel foi pensado pelos economistas ao longo do tempo. A pandemia contribuiu para mostrar mais ainda esses papéis." explicou Laura em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (7).

Laura explicou também que o livro pensa a gestão da pandemia pela equipe econômica do governo Bolsonaro. "O  'Curto-circuito' tem duplo sentido, o primeiro é curto-circuito na própria economia, o segundo é justamente um curto-circuito no bolsonarismo, no governo bolsonaro", isso porque desde sua campanha à presidência o Bolsonaro defende um Estado mínimo e "de uma hora para outra essa equipe tem que enfrentar uma pandemia, com a necessidade de mais Estado e de mais gastos públicos".

 

Rumo do governo

Questionada sobre uma possível mudança de plano de governo por Bolsonaro, Laura deixa a questão em aberto. "A pergunta que fica é: será que o ministro Paulo Guedes voltará em 2021 para uma agenda de cortes agressivos de gastos públicos ou será que essa ruptura significa também uma percepção do governo Bolsonaro de que talvez seja importante algum tipo de política econômica que tenha resultados concretos para a população?", disse a economista.

Laura citou o aumento da popularidade do presidente com o auxílio emergencial, que apesar de não ser o projeto original do governo federal é quem acaba ganhando o reconhecimento pelo benefício. Para ela o dado é um indicativo para que o governo considere investir em políticas públicas, mas questiona as condições para isso.

"Só esse ano, três meses de benefício custaram dois por cento do PIB, se a gente coloca isso no ano que vem não cabe no teto. E, inclusive, mesmo sem isso o teto será muito possivelmente descumprido. Então a pergunta que fica também é: será que o governo Bolsonaro vai caminhar para rever esse teto de gastos? O que seria mais uma contradição com o discurso feito durante as eleições", analisou.

“As pessoas acham que é crise econômica foi causada pela quarentena, mas na verdade a crise econômica foi causada pela pandemia. Essa confusão foi, inclusive, impulsionada pelo presidente Jair Bolsonaro que quis colocar desde o início a oposição entre morte física e a morte econômica, como se ambas não fizessem parte do mesmo problema.’, concluiu Laura.