
Cultura
Malu Gaspar conta bastidores e engrenagens da empreiteira Odebrecht em livro
Obra "A Organização" traz momentos de glória e ruína da companhia

Foto: Metropress
A jornalista Malu Gaspar lançou neste mês de novembro o livro "A Organização - A Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo", que conta os bastidores da empreiteira mais poderosa do país, desde os momentos de glória até as ruínas da companhia. Em 2015, quando a força-tarefa da Lava Jato atingiu em cheio empresas de engenharia de todo o país por conta dos contratos com a Petrobras, a Odebrecht liderava no ranking de empreiteiras do ramo.
Cinco anos após os desdobramentos, prisões e delações, Malu conta no livro os bastidores de um longo histórico de práticas escusas, envolvendo propinas a centenas de políticos, de prefeitos a presidentes. Em entrevista a Mário Kertész hoje (27) na Rádio Metrópole, ela falou do prazer de escrever a o livro.
"É irresistível o apelo de contar uma história que é tão enfronhada na história do nosso próprio país. Para mim, que costumo fazer matérias sobre economia e política, que gosto especialmente desse lugar onde a política encontra a economia, acho que aí que as decisões que mudam as nossas vidas são efetivamente tomadas. Acho que não havia desafio maior do que a da história da Odebrecht. É a história de uma organização que ditou os rumos do Brasil", conta Malu Gaspar.
Entre os desafios de produzir o contexto, a jornalista fala de como teve que adaptar a escrita aos termos utilizados pela empresa. Segundo ela, houve até mesmo a criação de um dialeto próprio. "Passei dois ou três meses conversando com pessoas de dentro da Odebrecht e de fora também. As pessoas falavam disso e citavam no livro. Tem essa coisa do cliente, essa coisa do relacionamento político-estratégico, a sociedade de confiança. Eu falo no livro de 'Odebrechês', que é toda uma linguagem própria", afirma.
Ainda segundo a comunicadora, parte da influência da Odebrecht era perceptível não só na grandiosidade das obras, mas também na forma de se relacionar com as autoridades do país. "Uma pessoa me falou que a Odebrecht, mais do que uma empresa de engenharia, ela faz relacionamento. O negócio deles, eles fazem obra e são competentes e tudo mais, mas eles fazem relacionamento. Quando você lê o livro, é bem isso. O cliente é decisivo, eles falam em servir o cliente e prestar um bom serviço. Mas é mais do que isso. O Norberto fala: o seu cliente não é o estado, governo ou abstração. O cliente é uma pessoa, é o governante. E atender esse cliente, aquilo que ele quer e precisa é o decisivo", conta a escritora.
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