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Em entrevista na Rádio Metropole, amigos e parceiros de Letieres lamentam morte: "Estamos órfãos"

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Em entrevista na Rádio Metropole, amigos e parceiros de Letieres lamentam morte: "Estamos órfãos"

Artistas contaram um pouco sobre experiências e se despediram do maestro, músico, compositor e arranjador baiano

Em entrevista na Rádio Metropole, amigos e parceiros de Letieres lamentam morte: "Estamos órfãos"

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Geovana Oliveira no dia 27 de outubro de 2021 às 18:48

Em entrevista ao Jornal da Cidade, na Rádio Metropole, nesta quarta-feira (27), amigos e parceiros de Letieres Leite contaram um pouco sobre suas experiências com ele e se despediram do maestro, músico, compositor e arranjador baiano.  

A cantora Márcia Castro tinha conversado com Letieres há quatro dias, agradecendo pelo álbum que ele tinha acabado de produzir, inspirado na música baiana dos anos 90.  “Letieres sempre foi muito generoso. O disco foi feito de maneira independente e ele construiu comigo como se estivesse recebendo o maior cachê da carreira dele”, conta. 

De acordo com ela, Letieres recebeu o diagnóstico da Covid-19 recentemente, e o infarto foi entre o resultado e a ida ao hospital, para onde seria levado por ter asma grave. Tudo muito rápido. 

“A imagem do Letieres não casa nem com tristeza, nem morte, nem silêncio. Ele era o movimento e a atividade em pessoa. A gente tá tendo que achar uma forma de lidar com esse silêncio”, diz o diretor musical Elísio Lopes Jr, que construiu muitas obras junto com Letieres.

Ainda se acostumando com a notícia da perda de Letieres, Elísio diz que hoje apenas agradece. “Estou agradecendo que tive a oportunidade de ter construído com ele. Sou o primeiro diretor artístico que ele deixou tocar a mão na Orquestra Rumpilezz, no espetáculo Rumpilezz Visita Caymmi, que estreou no TCA e viajou o Brasil”, conta. 

Na última vez que o diretor viu Letieres, ele estava no Rio de Janeiro, construindo o show de Maria Bethânia. 

A diretora da Funceb (Fundação Cultural do Estado da Bahia), Renata Dias, receberia o maestro hoje em uma aula para a terceira edição do Curso de Qualificação em Música do Centro de Formação em Artes (CFA).

“Letieres era um amante da educação musical, uma área que ele tinha como lugar de transformação política”, afirma. “Estamos aqui profundamente surpreendidas, tocadas e mobilizadas em torno desse legado que é imenso, que não exatamente se refere só à prática musical ou instrumental, mas a uma perspectiva decolonial de se compreender a cultura brasileira”. 

Já Rowney Scott, da Orkestra Rumpilezz e da Banda da Jam no MAM, diz que a “ficha ainda está caindo”. “É muito precoce. Acho que Letieres fez muita coisa por nós, pela música brasileira, mas ele ainda tinha muito a fazer”, afirma. 

“Estamos todos órfãos, Letieres é muitas coisas na nossa vida há muito tempo. Ele é colega de trabalho, maestro, professor, uma espécie de pai musical para todos nós, que abriu tantas janelas para todos nós, para a música baiana primeiro, depois para a música brasileira”, conclui.