
Cultura
Há 10 anos morria o arquiteto João Filgueiras Lima, o eterno Lelé
Ele deixou projetos marcantes na vida de Salvador, como as passarelas e o Palácio Thomé de Souza

Foto: Macaco Gordo / Reprodução
Morreu há exatos 10 anos o arquiteto João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé, no dia 21 de maio de 2014. Ele tinha 82 anos de idade e, por um agravamento do câncer de próstata, estava internado no Hospital Sarah Kubitschek, em Salvador, por sinal um projeto de sua autoria.
Carioca, Lelé desenvolveu uma forte ligação com Salvador, deixando sua marca na identidade visual e na arquitetura da cidade, a partir dos anos 1980, quando colaborou com o prefeito Mário Kertész na instalação da Renurb (Companhia de Renovação Urbana) e da Faec (Fábrica de Equipamentos Comunitários). Dali saíram diversos projetos, incluindo as icônicas passarelas, as escadarias drenantes, pontos de ônibus de concreto armado, a Igreja dos Alagados e o próprio edifício da prefeitura, o Palácio Thomé de Souza.
Em 2020, por ocasião dos 6 anos da morte do companheiro, MK contou um pouco da ligação de ambos. "Eu, ainda muito jovem, 27, 28 anos, secretário de Planejamento, Ciência e Tecnologia do primeiro governo de ACM, ele me chamou querendo construir o Centro Administrativo da Bahia na avenida Luís Viana Filho, a Paralela. (...) Tivemos projetos de vários arquitetos, mas eu não estava satisfeito", iniciou na Rádio Metropole.
E continuou: "Para fazer o projeto urbanístico do CAB, num atrevimento total, fui pro Rio de Janeiro atrás de Lúcio Costa, que fez o projeto urbanístico de Brasília. E aí, depois, um grande amigo meu, Roberto Pinho, disse 'eu tô vendo que você não está satisfeito com esses projetos. Olha, tem um arquiteto em Brasília que trabalha com Oscar Niemeyer, e a gente podia trazer ele aqui'. E era Lelé".
Por fim, o ex-prefeito traçou um pequeno perfil do amigo: "Ele sempre foi um sujeito tímido, humilde, 'na dele', sem nenhum tipo de vaidade. Tinha um espírito público extraordinário".
Croquis de banco pré-fabricado em argamassa armada (Instituto JFL).
E os bancos ganhando vida na vida urbana de Salvador (Instituto JFL).
Em 2012, Lelé ganhou a mais importante premiação de Arquitetura das Américas, a Medalha de Ouro da Federação Pan-Americana de Associações de Arquitetos (FPAA). Em 1998 e também em 2002, ele recebeu o Prêmio da Bienal Ibero-Aamericana de Arquitetura e Engenharia; e em 2001, venceu o Grande Prêmio Latino-Americano na 9ª Bienal Internacional de Arquitetura.
Publicou em 2013 o livro “Arquitetura: Uma Experiência na Área da Saúde”, vencedor do Prêmio Jabuti.
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