
Cultura
"Milton ameaçou deixar a gravadora se não me aceitassem", diz Lô Borges sobre o 'Clube da Esquina'
O compositor relembrou o processo de gravação também de seu primeiro álbum solo, conhecido como o "Disco do Tênis"

Foto: Divulgação
Lô Borges relembrou o processo de gravação de seu álbum solo de estreia, homônimo, mas conhecido por todos como o "Disco do Tênis", lançado em 1972 pela gravadora Odeon, mesmo ano em que saiu o icônico "Clube da Esquina" - que ele dividiu com ninguém menos que Milton Nascimento. Em participação no programa "Um Café Lá em Casa", do guitarrista Nelson Faria, o compositor lembrou que a gravadora, a princípio, não queria aquele jovem de apenas 19 anos e plenamente desconhecido em seu cast. Mas que Milton peitou a diretoria e impôs o disco em parceria.
"Na verdade, a gravadora não queria que o Milton Nascimento, que já era um quadro consagrado, já tinha vários discos, tinha feito 'Travessia', sucesso no Brasil inteiro, levasse um desconhecido chamado Lô Borges, de 19 anos de idade, pra gravar um álbum duplo - coisa que nem existia na época", disse. E completou: "O pessoal da gravadora não queria Lô Borges. Lô Borges, que é que é isso?!?".
Na sequência, o autor de clássicos como "O Trem Azul", exaltou a atitude do parceiro: "Aí o Milton falou: 'Se vocês não toparem fazer este álbum, eu troco de gravadora'. Eu devo muita coisa pra esse cara, bicho! E os caras aí, não querendo perder o Milton, levaram o Lô de brinde".
O caso é que as composições do então adolescente acabaram caindo no gosto dos executivos que, na sequência, já o ofereceram gravar o referido disco solo. E foi assim que surgiu um dos trabalhos mais psicodélicos da música brasileira, pois, como Lô confessou na entrevista, ele assinou o contrato sem ter sequer uma música pronta. "Eu fazia a música de manhã, o Márcio Borges, que morava comigo, fazia a letra à tarde, e de noite a gente ia gravar para todo o sempre", contou.
O "Disco do Tênis", não trabalhado pela gravadora, foi um fracasso de vendas, mas marcou uma fase na vida do artista. Tanto que, em 2018, Lô o revisitou e regravou ao vivo. Na sequência dos lançamentos quase concomitantes, lá no início dos anos 1970, ele decidiu dar uma sumida e espairecer. "Fui morar em Arembepe, na Bahia, fui fumar maconha, andar de carona... mudei minha vida. Aí o pessoal da gravadora entendeu que eu era doido mesmo (risos)".
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