
Cultura
De Cannes ao Oscar: Cinema brasileiro assume protagonismo global e vive momento histórico
Com vitórias inéditas, o cinema nacional reafirma seu protagonismo global e vive um dos anos mais gloriosos da história

Foto: The Academy/Matt Sayles/Instagram/The Golden Globe/Instagram
Se o futebol brasileiro não vive mais os seus dias de glória, por outro lado, o cinema nacional está em plena fase de ouro. O ano de 2025 já pode ser chamado, sem exagero, de um dos mais gloriosos da história recente do audiovisual brasileiro. A série de premiações e indicações mostram que nossa produção vive um momento de reconexão com o público brasileiro e reposicionamento no circuito mundial.
A última grande goleada foi de Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura. A dupla brilhou no Festival de Cannes com “O Agente Secreto”, sendo ovacionados por 13 minutos de aplausos diretos. O longa arrebatou o prêmio de Melhor Direção e ainda garantiu a Wagner Moura o inédito troféu de Melhor Ator, sendo o primeiro sul-americano a levar esse título para casa. Além dos dois troféus, a produção ainda saiu de lá com negociações com as distribuidoras como Neon (responsável por Parasita e Anatomia de uma Queda) e a Mubi (plataforma de prestígio no cinema de arte).
E Cannes foi só a cereja do bolo. No tapete vermelho, os brasileiros sorriram à toa. Nos primeiros dias do ano, Fernanda Torres garantiu o Globo de Ouro de Melhor Atriz, pela belíssima interpretação de Eunice Paiva, na obra Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.
Em clima de copa do mundo, o longa ainda levou o prêmio — também inédito — de Melhor Filme Internacional, em pleno domingo de Carnaval. Haja coração. Vale lembrar que, recentemente, a obra está ocupando o segundo lugar entre os 10 melhores filmes de 2025, na lista feita pelo The New York Times. Poucos dias antes, Último Azul, de Gabriel Mascaro, já havia sido premiado na Berlinale.
Já Vitória, estrelado por Fernanda Montenegro, abriu o Festival de Cinema Brasileiro de Paris e trouxe à tona uma história real de coragem, impactando plateias internacionais. A cinebiografia de Ney Matogrosso, Homem com H, dirigida por Esmir Filho, também encantou o público europeu ao encerrar o festival de Paris com uma performance vibrante e emocionante.
E não é só lá fora que o reconhecimento cresce. No Brasil, também há um novo fôlego de público interessado em narrativas nacionais. As séries e filmes brasileiros têm ocupado cada vez mais espaço nas principais plataformas e nas telonas do cinema, e recuperado os números pós-pandemia. Só nos primeiros semestre deste ano, mais de 8,5 milhões de pessoas assistiram a filmes brasileiros nos cinemas, segundo levantamento da Ancine.
As recentes produções mostram a força da narrativa nacional e reafirmam o talento do cinema brasileiro, ocupando espaços de prestígio e representando o país de nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Carlos Diegues.
Um pedacinho de Salvador
O cinema brasileiro tem forte relação com a Bahia e os prêmios deste ano também. Wagner Moura, vencedor do Cannes, nasceu, por exemplo, na capital baiana. O filme Ainda Estou Aqui, de certa forma, também. A obra teve a estreia antecipada na capital baiana, com duas sessões diárias no Cine Glauber Rocha. A antecipação serviu para qualificar o filme para representar o Brasil nas indicações ao Oscar.
Na história há também rastros na Bahia. Foi o baiano Glauber Rocha que conquistou para o Brasil, pela primeira vez, o prêmio de Melhor Diretor em Cannes, com O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969). Já 'O Pagador de Promessas' (1962), dirigido por Anselmo Duarte e rodado em Salvador, foi o único brasileiro até hoje a conquistar a Palma de Ouro, principal prêmio de Cannes.
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