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'Tchau, Galera foi feita após caso de racismo que sofri no Camaleão', revela Tonho Matéria

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'Tchau, Galera foi feita após caso de racismo que sofri no Camaleão', revela Tonho Matéria

"Dentro do bloco, de negro só tinha eu e Carlinhos Brown e, quando eu pegava o microfone para cantar, os caras ficavam me olhando com aquela cara de 'vaza'"

'Tchau, Galera foi feita após caso de racismo que sofri no Camaleão', revela Tonho Matéria

Foto: Matheus Simoni/Metropress

Por: James Martins no dia 18 de julho de 2018 às 11:11

O cantor e compositor Tonho Matéria, autor de grandes sucessos da música baiana, como "Ginga e Expressão" e "Cume da Memória", participou nesta terça-feira (17) do Jornal da Cidade II, na Rádio Metrópole, e contou a história de um outro clássico: "Desejo Egotismo", mais conhecida pelo refrão – "Tchau, Galera" – gravada em seu primeiro disco, "Tonho Matéria" (BMG - 1989).

"A história dessa música é a seguinte: Eu fui convidado em 1988, através de Cristóvão Rodrigues e Manolo Pousada, recomendado por Luiz Caldas, que gostou de minha voz no rádio, para participar dos shows dele, Luiz. Aí comecei a participar de alguns eventos, nos intervalos, para a música não parar, com uma banda de percussão, cantando de tudo. E Luiz então me convidou para ir para o Camaleão, que na época ele puxava. E o bloco Camaleão era um bloco completamente elitizado. E, dentro do bloco, de negro só tinha eu e Carlinhos Brown", conta.

E continua: "E aí eu lembro que, quando eu pegava o microfone, tinham uns caras que ficavam embaixo assim, olhando para mim [com cara de reprovação]... vaza! (risos) E eu fiquei assim, no primeiro dia... no segundo dia, então, a música veio na cabeça: 'Tchau, galera... ô ô ô / tchau, galera...' eu comecei a cantar".

Em seguida, revela Tonho, ele juntou o refrão a outra música, que tinha começado a compor com o próprio Carlinhos Brown. No mesmo depoimento, o artista lembra ainda o amigo e parceiro Sérgio Participação, nome crucial do samba-reggae. "Eu falei com ele da situação e ele então sugeriu a gente fazer uma música para esses caras [que os discriminaram no bloco]. 'Desfazer da nossa senzala?', ele era todo brabo (risos)".

Por fim: "Aí eu fiz essa música. Tanto que, quando eu falo assim: 'Do céu acenou o nervão', era o cara lá embaixo, brancão, acenando pra mim. Eu não quis botar isso para não ficar um contexto racial, na música, então usei esse termo".