
Cultura
Coreógrafa Lia Robatto relembra infância e início da carreira na dança
Professora aposentada conta que, desde muito cedo, convivia em um ambiente artístico, o que fez com que ela tivesse contato com a música clássica ainda criança

Foto: Tácio Moreira/ Metropress
A coreógrafa e professora aposentada da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Lia Robatto relembrou, em entrevista à Rádio Metrópole, o início da carreira, de São Paulo até a chegada a Salvador.
Ela conta que, desde muito cedo, convivia em um ambiente artístico, o que fez com que ela tivesse contato com a música clássica ainda criança.
"Papai colocava diariamente músicas clássicas na vitrola. Uma falha da cultura do meu pai era não ouvir culutra popular. A gente ouvia música clássica e eu dançava música classica em casa, espontaneamente", recorda.
"Achava natural, como qualquer criança que tinha isso no dia a dia. Meus pais, vendo que tinha tendência de dançar, me colocaram na Escola Municipal de Bailados de São Paulo, que ficava em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, nas escadarias ali embaixo", continua.
No entanto, ela relata que não se interessava pelo modelo fechado do balé clássico. "Eu entrei toda feliz, colocaram uma roupa de bailarina. Quando eu entro na sala de aula e a professora coloca todas as crianças em uma fila rígida, segurando uma barra fixa junto da parede, fazendo exercício e contando 1,2,1,2... Eu tive uma decepção. 'Isso é dança?'. Dança para mim era livre e solta, intepretar a música. Eu segui aquilo muito decepcionada e fui uma péssima aluna de balé", conta.
Lia acabou participando de uma seleção com a polonesa Yanka Rudzka, da linha germânica do expressionismo, que iria criar a primeira companhia de dança do Museu de Arte de São Paulo.
"Ela fez uma seleção com 200 candidatos e 20 vagas. E eu, a patinha feia da dança, passei, não sei como. Eu era a caçula. A maioria dos bailarinos que passaram tinham 25 anos em média, em tinha 12 anos e era uma diferença muito grande. Acho que ela me escolheu porque eu era um papel em branco. Eu não tinha absorvido o que ela chamava de vícios e maneirismos dos dogms dos passos do balé clássico. Eu acho que ela me viu mais livre, menos marcada e condicionada pelo estilo clássico. Em pouco tempo, em quatro anos, eu já era solista", contra.
Aos 17 anos, Lia veio a Salvador junto com Yanka, que iria criar a escola de Dança da Ufba, a primeira graduaçãpo do Brasil. Aqui, ela conheceu o arquiteto e fotógrafo Silvio Robatto, com quem casou. A coreógrafa começou a dar aula para cursos livres, que não era da graduação, e depois se graduou na Ufba, onde se tornou professora e pesquisadora.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.