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'Nunca tive essa demanda verdadeira na alma', diz Walter Queiroz sobre popularidade

Cultura

'Nunca tive essa demanda verdadeira na alma', diz Walter Queiroz sobre popularidade

Compositor pondera que sucesso pode ser "escravidão", se tiver que ter mantido a qualquer preço

'Nunca tive essa demanda verdadeira na alma', diz Walter Queiroz sobre popularidade

Foto: Matheus Simoni/ Metropress

Por: Juliana Almirante no dia 14 de junho de 2019 às 13:06

Colaborador do programa "Deixa o coração mandar", o cantor e compositor Walter Queiroz fez uma reflexão sobre a popularidade e o sucesso, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (14).

Ele diz que já foi questionado porque não tem "ossada" de grande sucesso popular e defendeu que foi uma escolha.

"Dez anos de psicanálise me ensinaram uma coisa. Eu nunca tive essa demanda verdadeira na alma. Se eu buscasse, talvez tivesse conseguido. Alguma coisa me blindava e com o tempo fui vendo. Que escravidão é o sucesso se tiver que mantê-lo a qualquer preço", ponderou.

Ao mesmo tempo, ele fala com a alegria sobre o reconhecimento que sente nas ruas sobre como o programa toca as pessoas.

"É impressionante o recall do programa deixa o coração mandar. Como ele chega às pessoas de um jeito inesperado e, para isso, quero dizer que seria injusto não agradecer às pessoas envolvidas nesse processo. porque sozinho eu não faria nada", afirmou.

Trajetória

Nascido em Salvador, hoje aos 74 anos ele recorda que estudou e tentou atuar como advogado, até perceber que deveria seguir sua vocação na música. 

 "Com essa bagagem que tenho na alma até hoje e obedecendo a demanda do meu tempo, fui ao Rio de Janeiro buscar meu lugar ao sol. De que forma? Em festivais e novelas e trilhas", conta.

Por meio da amizade que tinha com o escritor João Ubaldo Ribeiro, acabou conhecendo o diretor Glauber Rocha, com quem fez parceria para compor trilhas dos seus filmes.  A trajetória do compositor também passa por trilhas de novelas para televisão. 

"Foi aí que fiz a música do filme 'Dragão da maldade contra o santo guerreiro', que é um filme emblemático, premiado em Cannes, que me abriu as portas do mundo intelectual. Já cheguei no Rio de janeiro respeitado em certas áreas do cinema novo", lembra. Walter ainda fez a trilha do personagem "Antônio das Mortes", do longa "Deus e o Diabo na Terra do Sol". 

O compositor ainda manifestou o desejo de ser lembrado pela canção "Tesoura Cega", famosa na voz da cantora Beth Carvalho".

"Talvez se eu pudesse ser lembrado por uma letra, gostaria de ser lembrado por ela. A letra diz: 'Quem trocou a alma pela palma e vendeu a sua calma nos mercados da paixão/ quem rasgou a seda da ternura nas barracas da amargura e do fel se embriagou/ derramou toda a tinta do tinteiro/ e não fez um verso inteiro que falasse de perdão/ quem se perdeu do amor humano/ é como tesoura cega/ não tem mais direito algum", cantou.