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'Não quero continuar fazendo cinema como eu vinha fazendo', diz Edgard Navarro

Cultura

'Não quero continuar fazendo cinema como eu vinha fazendo', diz Edgard Navarro

Navarro comemorou recentemente 70 anos de idade e 30 anos do lançamento de seu trabalho mais conhecido, ‘SuperOutro’ (1989)

'Não quero continuar fazendo cinema como eu vinha fazendo', diz Edgard Navarro

Foto: Matheus Simoni/Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 28 de junho de 2019 às 18:53

O cineasta baiano Edgard Navarro diz já ter "jogado a toalha" em relação ao cinema brasileiro. Em entrevista hoje (28) à Rádio Metrópole, durante o Jornal da Cidade, ele declarou que, em quesitos técnicos, a arte evoluiu com o passar do tempo. No entanto, por conta do alto custo, há um afastamento dos principais expoentes do cinema.

"Se pensar do ponto de vista da qualidade artística, só melhorou. Temos um cinema cada vez mais transado num nível da linguagem da comunicação moderna e semiologia. Mas se formos pensar em termos comerciais, foi uma derrota só. Nunca consegui fazer uma bilheteria maior do que 20 mil espectadores. Acho perverso. A vontade que tenho, como já anunciei algumas vezes, é de pendurar a chuteira mesmo e partir para um outro tipo de relação com o público. Já joguei a toalha, não quero continuar fazendo cinema como eu vinha fazendo", declarou. 

Navarro comemorou recentemente 70 anos de idade e 30 anos do lançamento de seu trabalho mais conhecido, ‘SuperOutro’ (1989). Questionado sobre como cineastas, produtores e artistas se relacionam diante do atual panorama político e cultural do país, Navarro pregou união e defendeu a necessidade de respeitar as "desigualdades" um do outro.

"Há um momento em que você precisa unir a classe e se juntar, respeitando a desigualdade. A gente tem que tocar o barco, que comporta todo mundo e é um barco de refugiados. Estamos sendo expulsos de um lugar conquistado a duras penas", afirmou o cineasta.

"Os quatro maiores mestres da minha vida, em termos de poesia e MPB, são Gilberto Gil, Chico Buarque, Milton Nascimento e Caetano Veloso. Essas pessoas são consideradas menos que inimigos públicos. Nem me lembro mais dos adjetivos que esses energúmenos que estão aí. Falavam que eram gente que não mereciam atenção porque eram de esquerda e esquerda não faz coisa boa. É uma titica, uma coisa muito pequena e uma cabeça de merda que esses caras têm", acrescentou.