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Ricardo Chaves lembra críticas ao parar de puxar blocos: 'Muita gente torceu o nariz'

Cultura

Ricardo Chaves lembra críticas ao parar de puxar blocos: 'Muita gente torceu o nariz'

Cantor disse que já não se encaixava naquele sistema e chegou a ouvir que declarava isso porque não vendia mais abadás

Ricardo Chaves lembra críticas ao parar de puxar blocos: 'Muita gente torceu o nariz'

Foto: Matheus Simoni/Metropress

Por: Juliana Almirante no dia 22 de novembro de 2019 às 12:51

O cantor Ricardo Chaves lembrou, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (22), das críticas recebidas quando decidiu parar de puxar blocos de carnaval em Salvador. Integrante do grupo "Mudei de Nome", ele passou pelo Pinel, Frenesi, Eva, Crocodilo, Coruja e O Bicho.

"Encerrei minha etapa de bloco porque o carnaval tomava outra dinâmica e já não me encaixava. Lembro que quando eu falei isso, anos atrás, muita gente torceu o nariz e disse que eu falei isso porque eu já não vendia abadá como vendia antigamente. Eu falei que: 'Gente, vocês não entendem que a dinâmica da festa está mudando, que os blocos estão perdendo as características porque o mundo mudou'. Depois as coisas aconteceram e hoje você vê que não existe a dinâmica de bloco como antigamente", declarou. 

Ele disse que tem orgulho de ter feito parte de uma geração que rompeu fronteiras e levou a cultura baiana para o mundo. 

"A importância dos 20 anos (do axé music) ainda vai ser muito valorizada em décadas. É muito pouco estudada essa ruptura que aconteceu com o que se chama de axé music, a integração de raças e clases sociais. Tudo isso tem a ver com essa festa, que muita gente reduz e resume com a indústria", comenta. 

Racismo em blocos

Ele também afirmou, durante a entrevista, que tinha noção do racismo que ocorria na seleção para os blocos de carnaval, assim como todos os envolvidos no processo. No entanto, considera que a sociedade também era diferente naquela época.

"Todo mundo tinha noção, não só eu, todas as pessoas tinham noção de que era um mundo diferente do mundo que, graças a Deus, evoluiu. Não eram somente os blocos, a sociedade fazia isso. Todo mundo sabia disso. A imprensa sabia disso. Todas as pessoas sabiam disso. Era um mundo diferente e, graças a Deus, essas coisas mudaram, porque o mundo mudou", disse.

Ele ainda destaca que a seleção ocorria em todos os blocos tradicionais, que surgiram de clubes. 

"É importante dizer que o processo de seleção era em todos os blocos, cada um da sua maneira. Os blocos surgiram como clubes sociais que iam para ruas e seguiam os padrões dos clubes sociais. Isso evoluiu e acabou", opinou.