
Cultura
Marcelo Nova critica 'politicamente correto' e reclama: 'Não existe nada mais ridículo que velho pagando de gatinho'
Prestes a completar 69 anos, artista diz que segue trabalhando em meio à pandemia, mas demonstra preocupação com outros músicos

Foto: Metropress
Vocalista da banda Camisa de Vênus, o cantor e compositor Marcelo Nova está prestes a completar 69 anos em agosto e comentou hoje (27), durante entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole, como está trabalhando em meio à pandemia de coronavírus. Cumprindo isolamento em São Paulo, ele revelou estar preocupado com colegas de trabalho. "Tenho produzido, trabalhado, composto e escrito canções. É o meu trabalho. O fato de eu estar com a cabeça ocupada no sentido de produzir não me afastou das consequências que estamos sentindo. Você veja que, por exemplo, pessoas que exercem minha profissão não têm hoje a menor ideia de quando essas atividades poderão ser retomadas. Seremos os últimos da fila porque o nosso patrão se chama sr. Aglomeração de Almeida. Sem ele, nada funciona", disse o artista.
"Então essa situação que começou como uma inquietação em fevereiro e início de março, passou para apreensão, depois para medo no sentido amplo e agora eu conheço pessoas, músicos, que estão em desespero. Pessoas que se alimentam de pão com ovo no almoço e no jantar. Não são pessoas que vejo na televisão, são pessoas que eu conheço", acrescentou.
Nova criticou o chamado "politicamente correto" e reclamou da iniciativa do governo querer ditar os costumes da população. "Quem criou toda essa situação mundial foi o politicamente correto. Não que o vírus não exista, não é isto que eu estou dizendo. Estou dizendo que, ao ponto em que ele foi elevado, a maneira que ele foi elevado e a maneira de conduzir tudo isso foi, evidentemente, trazida pelo bafo do politicamente correto. Você não vê. Nós não vemos. Ele é insidioso, entra pela fresta da sua porta, pelo buraco da fechadura, pela persiana e, num belo dia, se vê envolto por todos esses valores completamente desprovidos de conexão com a realidade", reclamou
"Não confiro a ninguém o direito de me dizer o direito de me dizer que não posso sair de casa. Vá tomar...banho! Saio de casa a hora que eu quiser. Me locomovo por onde eu quiser. Não posso passar a minha vida com medo, não sou um covarde. Não posso passar minha vida com medo de abraçar, falar, me comunicar com alguém. Medo de respirar. Não sou esse tipo de homem, de jeito nenhum. A Covid mata, o câncer mata, a dengue mata, o corno mata, o atropelamento mata, o assassinato idem. Agora, mais do que tudo, a vida mata mais do que tudo isso junto", acrescentou.
Questionado por MK, Marcelo Nova comentou o conservadorismo de pessoas que antes participavam de movimentos rebeldes no passado. Ele deu como exemplo o Rock in Rio e criticou a falta de caracterização do rock. "Esse conceito de rebeldia, quando é estendido genericamente se torna uma babaquice. O Rock in Rio, por exemplo, vende a ideia de rebeldia e de rock. Rock vende tudo já tem um tempo. Vende papel higiênico, remédio para dor de cabeça, vende para caganeira, Rock vende tudo", citou o artista.
"Quando você olha o Rock in Rio, observa do ponto de vista estritamente musical que deveria manter uma conexão real com as origens, com o ritmo e com o gênero musical, ele só está ali como um nome para ilustrar e chamar a atenção do jovem. Mas ele atinge a todas faixas etárias. A grande propaganda. Eu estou com 69 anos, não posso me comportar como um adolescente. Não existe nada mais ridículo do que um velho querer ficar tirando onda de gatinho. Tem os que presumem ser tigrões e os que querem ser gatinhos", ironizou o cantor.
Para Marcelo Nova, sua rebeldia é "compatível" com sua faixa etária, grau de conhecimento e experiência de vida. "Não vivi esses 69 anos através do próximo. De jeito nenhum. Eu quebrei a cara, dei a minha cara para bater. Consequentemente quando apanhei, sim, eu apanhei algumas vezes, tive vitórias e conquistas inenarráveis. Outras vezes fui à lona no ringue da existência. Mas me levantei e, acima de tudo isso, permaneci fiel ao que eu acredito", declarou.
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