Economia
Presidente da Fieb critica falta de política industrial para retomada da economia
Para Ricardo Alban, preocupação maior está relacionada às pequenas empresas e indústrias atingidas pela pandemia
Foto: Metropress
O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, criticou a falta de uma política industrial para minimizar os impactos da pandemia de coronavírus na indústria baiana. Em entrevista hoje (6) a Mário Kertész, durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele afirmou que a preocupação principal da entidade é a proteção de pequenas e médias empresas e indústrias por conta do encadeamento produtivo do estado.
"Mesmo as grandes indústrias que talvez tenham a capacidade financeira melhor para administrar esse momento, elas precisam de encadeamento produtivo. Nos preocupa muito a dificuldade de acesso ao crédito e de manter o quadro funcional. Operário da indústria sempre é um operário especializado. Dispensar funcionários e colaboradores da indústria é a última opção. Mas, já vinhamos de um momento bastante depressivo para o setor industrial brasileiro e baiano, que têm perdido espaço sistematicamente", disse Alban.
"Temos que tirar algumas lições da pandemia e algumas delas é de que precisamos de uma política industrial. Temos sucesso da agricultura e que não podemos replicar isso no sucesso da indústria e de outros setores importantes para nossa economia", acrescentou.
O dirigente afirmou que o período da ditadura militar foi o único que, de fato, houve uma política industrial "de começo, meio e fim". Segundo Alban, os governos seguintes não adotaram medidas para fomentar o segmento de modo efetivo. "A última política industrial de começo, meio e fim foi na época dos militares. Na verdade, na época da ditadura militar, tivemos uma política industrial. Óbvio que hoje não podemos ver os mesmos parâmetros que antigamente, a realidade é outra. Não podemos pensar como monopólio de uma política industrial estatal e protecionismo, mas fazíamos uma política industrial como os EUA e a Europa passou a fazer", avaliou.
Alban alertou: "O mundo inteiro, seguramente, depois dessa experiência da pandemia, que infelizmente sabemos que não será a primeira e nem a última, todos vão revisitar sua cadeia de valores e revisar a estratégia industrial. Não só para aquela produção estratégica, mas para o dia a dia mesmo. Não podemos estar eternamente em nova realidade e um novo tempo".
O presidente da Fieb comentou a atuação do Cimatec durante a pandemia. Segundo ele, a busca de respiradores, equipamentos cruciais no atendimento médico durante a pandemia, foi amortizada com o trabalho do complexo tecnológico. "Falou-se tanto de respirador com esses problemas que têm aí. Ficou um mercado, me desculpe a expressão, prostituído totalmente. No afã e na ânsia de se conseguir os respiradores, que é um equipamento fundamental, foram feitos qualquer tipo de negócio. A grande vantagem foi um projeto que começou no Cimatec, junto com as Forças Armadas, de recuperação dos respiradores espalhados pelo país. Nós fomos o número 1 em recuperação de respiradores. Colocamos mais de 1,5 mil respiradores operacionais nesse momento crítico", disse o dirigente.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.