Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Sábado, 27 de julho de 2024

Home

/

Notícias

/

Jornal da Metropole

/

Lideranças das religiões de matriz africana cogitam processar Nike após proibição de orixás em camisa

Jornal Metropole

Lideranças das religiões de matriz africana cogitam processar Nike após proibição de orixás em camisa

Lista com nomes vetados viralizou após o questionamento de vários torcedores, e foi visto pelos usuários como racismo religioso

Lideranças das religiões de matriz africana cogitam processar Nike após proibição de orixás em camisa

Foto: Metropress

Por: Geovana Oliveira no dia 18 de agosto de 2022 às 18:44

Lideranças das religiões de matriz africana cogitam provocar o Ministério Público e o Judiciário para que haja alguma sanção no erro da Nike ao excluir a possibilidade de customização das camisas da seleção brasileira com nomes de orixás, enquanto permitia "Jesus" e "Cristo". 

O assunto sobre a lista de nomes vetados viralizou nas redes sociais no início desta semana após o questionamento de vários torcedores, e foi vista pelos usuários como racismo religioso. "Intolerância religiosa não, Nike. Me dê logo a camisa n° 7 com nome Èsù", escreveu um soteropolitano em seu perfil do Twitter. 

O babalorixá Sidnei Nogueira, professor e doutor em Semiótica, afirma que a questão é o impacto que o veto de nomes como “Exu” e “Xangô”, em uma camisa de marca conhecida internacionalmente, provoca na sociedade. Segundo o professor, as lideranças religiosas e do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) têm conversado sobre a judicialização do assunto. 

Após a repercussão negativa, a Nike afirmou que aconteceu uma “falha no sistema”. A empresa informou que não permite "customizações com palavras que possam conter qualquer cunho religioso, político, racista ou mesmo palavrões" e disse que houve um erro na plataforma de seu site ao permitir algumas palavras de cunho religioso e outras não. 

A Nike também veta nomes de políticos como Lula, Bolsonaro e Ciro. Além de restringir os nomes "Moro", "Damares" "Doria", "ACM", "Haddad", "Dirceu", "Calheiros", "Garotinho", "Dilma", "FHC", "Collor", "Sarney", "JK"; e termos como "comunista", "petista", "tucano", "mito" e "bolsomito".

O professor Sidinei, autor do livro Intolerância Religiosa, não concorda com a desculpa. “Se for termo de algoritmo, quem que programa? É uma pessoa humana. E quem faz isso? Geralmente uma pessoa branca, uma pessoa racista. Uma pessoa que entende que as religiões de matriz africana no brasil são satânicas”, diz.

O babalorixá afirma ainda que a Nike poderia aceitar a diversidade e promover uma “cultura de aceitação, de confluências e de paz”, mas optou pelo caminho oposto. “O que nós sentimos é que nós não temos um dia de descanso. Nós sabemos que não foi equívoco, não foi mal entendido. Há pouco tempo fizemos uma manifestação virtual para corrigir a tradução do Google que traduzia o orixá ‘Exu’ como ‘demônio’”, desabafa.