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Tambor Soledade: timbaleiro marca a história da Independência da Bahia como primeiro herói da guerra
Onde hoje é a Praça da Aclamação na cidade de Cachoeira, foi atingido o tocador de tambor de nossas tropas, mortalmente ferido
Foto: Sidney Falcão/Metropress
Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 15 de junho de 2023
É do Olodum a música que diz que “a arma é musical”, mas elegemos a imagem do timbaleiro para caracterizar o lendário Tambor Soledade por uma razão incontestável neste contexto: rítmica. O que importa, em suma, é que a independência da Bahia teve seu primeiro herói-mártir num músico, tocador de tambor que incorporou o tambor ao próprio nome história adentro, um batuqueiro, um timbaleiro, um menino do Pelô ou do Curuzu.
No dia 25 de junho de 1822, uma embarcação portuguesa bombardeou a cidade de Cachoeira, de dentro do rio Paraguaçu. Ali, onde hoje é a Praça da Aclamação, foi atingido o tocador de tambor de nossas tropas, mortalmente ferido. A cena é retratada num mural de azulejos instalado no local, releitura de Udo Knoff do quadro de José Antonio Parreiras: “Primeiro Passo Para a Independência Ocorrido na Cidade Heróica de Cachoeira”, onde o preto é consolado por um oficial.
A história oficial guardou pouquíssimas informações do soldado. O que ficou, porém, parece até um nome artístico, desses bolados para iconizar a vocação do nomeado: Tambor Soledade. Incluindo o nome do bairro por onde desfila o cortejo do 2 de Julho — que sequer havia acontecido quando ele foi alvejado. A música, o batuque, o tambor no início de nossa independência. “A arma é musical”, repete a canção. Lembrando, sem o saber, que cada batuqueiro é um soldado. Cada Ilê Aiyê é um exército.
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