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Símbolo de Salvador, Elevador Lacerda é tratado como simples modal em projeto de modernização
O principal cartão-postal da capital baiana será submetido a um projeto de requalificação da Fundação Mário Leal Ferreira, com previsão de início das obras em janeiro
Foto: Acervo Metropole
Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 26 de outubro de 2023
A história e a identidade de Salvador es - tão na iminência de receber um golpe direto no coração: o Elevador Lacerda. A paisagem do equipamento ligando a Cidade Baixa à Cidade Alta, com a Baía de Todos-os-Santos ao horizonte, é, sem dúvidas, o marco principal da capital soteropolitana. Não é só um meio de transporte, é o símbolo que logo vem à mente quando moradores e visitantes pensam na cidade. Mas, prestes a completar 150 anos, o equipamento mais conhecido de Sal - vador passará por um projeto de requalifica - ção, será criminosamente “modernizado”.
Diante da importância do Elevador Lacerda, muito pouco sobre o projeto foi re - velado. Mas pelo menos uma questão foi parcialmente respondida. Graças ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a proposta de recortar o maior patrimônio soteropolitano para dar a ele uma vista panorâmica foi barrada. O instituto não autorizou que a Infraestrutura e Obras Públicas de Salvador (Seinfra) e a Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), responsável pelo projeto e por coordenar as obras, fizessem isso.
Pelo menos, alguém parece entender a importância do Elevador Lacerda e a identidade de Salvador. Afinal, a FMLF é a mesma que já carrega em seu portfólio os contestados projetos do terminal do Aquidabã, do Mercado de Itapuã, Mercado de Cajazeiras, da Praça Nelson Mandela, em frente ao Plano Inclinado Liberdade-Calçada, e tantos outros. Já a Seinfra é aquela que defende a implantação de túnel para pedestre de quase 1 km ligando Pelourinho e Barroquinha.
Modernistas equivocados
Para os muitos soteropolitanos que têm guardado na memória passeios no eleva - dor seguidos de um sorvete para admirar a Baía de Todos-os-Santos, essa programação poderá não mais acontecer. Isso porque a sorveteria Cubana - há mais de 90 anos no principal cartão-postal de Salvador, quase uma parte dele - será retirada de seu tradicional local. E não será só ela, todos os negócios que funcionam no espaço serão retirados para atender as implementações do tal novo projeto. Esses pequenos comércios sequer têm outro ponto para se alocar e reclamam de falta de diálogo.
Ao Jornal Metropole, o dono da sorveteria, Marcos Bouzas, diz que foi pego de surpresa com a notícia de que teria que sair dali. “Não foi dada a opção de permanecer no local. No início, foi aquele susto, a gente não esperava, mas estamos tendo que acostumar com a ideia e mentalizando que essa mu - dança vai ser boa”, admitiu o comerciante.
E mesmo diante do pouco que foi revelado sobre o projeto, as mudanças controversas não param por aí. A tradicional fachada do Elevador será modificada e modernizada, ganhando um novo letreiro e deixando de lado a verdadeira história do local. Além disso, serão feitas mudanças na parte interna para a criação de uma bilheteria, com um posto de atendimento ao turista, seguindo fielmente a equivocada visão de que o equipamento é apenas mais “simplório modal”, que deve funcionar de forma mais rápida e eficiente.
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