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Uma coleção daquelas: Câmara de Salvador tem lista de projetos que viraram chacota para a população

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Uma coleção daquelas: Câmara de Salvador tem lista de projetos que viraram chacota para a população

Entre os representantes do povo de Salvador, não tem faltado propostas (mirabolantes ou não), mas nem todas são verdadeiramente viáveis

Uma coleção daquelas: Câmara de Salvador tem lista de projetos que viraram chacota para a população

Foto: CMS/Reginaldo Ipê

Por: Júlia Lordelo/Rodrigo Daniel Silva no dia 23 de novembro de 2023 às 07:12

Atualizado: no dia 23 de novembro de 2023 às 08:21

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 23 de novembro de 2023

O ano de 2023 nem terminou e a Câmara Municipal de Salvador já tem uma coleção de propostas legislativas no mínimo questionáveis. Os soteropolitanos presenciaram um vereador buscando conferir um toque de elegância ao modificar o nome de uma rua, outro propondo a transformação de frentistas em fiscais e até mesmo aqueles que tentaram fazer o consumidor acreditar que é possível passar apenas 15 minutos em uma fila de supermercado.

Em julho, o veterano vereador Téo Senna (PSDB) virou piada após sugerir nomear uma rua do Caminho das Árvores de Alameda Beverly Hills, referência a um dos locais mais famosos da Califórnia, nos Estados Unidos. Na época, Téo Senna chegou a lamentar a proposta não ter caído nas graças do povo.

A explicação é muito simples. Um amigo, que mora na Alameda de Catabas, me encaminhou esse projeto. Ele escreveu e deu a sugestão. Agora, estão dizendo que sou o garoto de Beverly Hills”, disse à Metropole, fazendo gracejo da própria proposta.

Mas nem tudo é só graça. Médico e comentarista da Rádio Metropole, Francisco Hora vê um “complexo de vira lata” nessa atitude da classe média de Salvador, que atribui nomes estrangeiros a espaços da cidade. “Como as nossas elites vivem e sonham com Miami e adjacências neste pós-pandemia, nos deparamos com novos lançamentos imobiliários bem anglófonos, manifestando o neocolonialismo cultural explícito à beira do vira-latismo, que teimamos em preservar”, afirmou.

Os frentistas também entraram no meio dessa onda de propostas questionáveis. Sancionada pelo prefeito Bruno Reis (União), uma lei de autoria do vereador Sidninho (Podemos) obriga que eles notifiquem motoristas embriagados. A ideia pode até ter sido bem intencionada, mas também gerou polêmica em Salvador e fez os profissionais dos postos de combustíveis relataram o receio com a segurança. Afinal, se o motorista não respeitou uma ordem de sobriedade que preza pela vida dele, por que iria acatar o pedido de um frentista?

E sabe aquela fila no supermercado que desanima quem vai às compras? O vereador Randerson Leal (PDT) quer acabar com longas esperas e propôs uma lei que determina os estabelecimentos a atender clientes em até 15 minutos. Mas acredite, ele mesmo reconhece que a ideia pode não ser eficaz devido à falta de fiscalização. Já existe, por exemplo, uma lei que proíbe espera de mais de 15 minutos na fila de um banco, mas qual agência realmente cumpre essa legislação? A sugestão de Randerson Leal parece estar destinada a seguir o mesmo caminho, caso seja aprovada.

Estatuto do Nascituro. Já ouviu falar? Esse é o projeto de lei apresentado pelo vereador Alexandre Aleluia (PL), que avançou na Câmara. Entre outros pontos, a matéria, se aprovada, vai obrigar que servidores municipais denunciem gestantes que desejam abortar. A proposta foi, claro, rebatida por oposicionistas, como a vereadora Laina Crisóstomo (PSOL), que afirmou que não descriminalizar o aborto é uma “política racista e perversa contra os corpos de mulheres”. Mas, além dessa discussão, o projeto também esbarra na viabilidade, assim como a dos frentistas e das filas de supermercado.

Entre os representantes do povo de Salvador, não tem faltado propostas. Mirabolantes ou não. No entanto, quais delas são verdadeiramente viáveis, eficazes e capazes de impactar positivamente a vida das pessoas?

Escute a reportagem especial da Rádio Metropole na íntegra (confira aqui).