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Vai-vem da janela: Migrações partidárias modificam composição de bancadas e deixam legendas sem representantes na CMS

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Vai-vem da janela: Migrações partidárias modificam composição de bancadas e deixam legendas sem representantes na CMS

Janela partidária provoca mudanças de legenda para quase um terço dos vereadores de Salvador, expõe tensões na base do Palácio Thomé de Souza e fortalece parte das siglas aliadas ao prefeito Bruno Reis

Vai-vem da janela: Migrações partidárias modificam composição de bancadas e deixam legendas sem representantes na CMS

Foto: Divulgação/CMS

Por: Jairo Costa Jr. no dia 11 de abril de 2024 às 09:43

Atualizado: no dia 11 de abril de 2024 às 09:52

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 11 de abril de 2024

O abre e fecha da janela para trocas partidárias alterou em quase um terço a divisão de poder entre as atuais 17 siglas com assento na Câmara Municipal de Salvador, trouxe surpresas totalmente fora do radar da imprensa e expôs tensões internas na base aliada ao prefeito Bruno Reis (União Brasil), que por acomodar 32 dos 43 vereadores esteve mais propensa a conflitos de interesse. Por outro lado, a brecha legal para mudança de sigla  não modificou a divisão de forças entre a bancada governista e a oposição, que continua com apenas 11 integrantes.

De 7 de março até a sexta-feira passada, 5 de abril, 14 vereadores entraram na ciranda. Os outros 29 permaneceram onde estavam. O número é menor do que o registrado na janela de 2020, quando o troca-troca arrastou 18 integrantes da Câmara para a roda. Mas o que faltou em número sobrou em surpresa. A começar pelo varejo, ou seja, as migrações individuais. Entre as quais, a do veterano Alfredo Mangueira, quadro histórico do MDB, por onde conquistou oito mandatos consecutivos, o primeiro deles em 1992. Agora, faz parte da bancada do Republicanos.

No mesmo movimento, Joceval Rodrigues deixou para trás 21 anos e sucessivas eleições pelo Cidadania, antes chamado de PPS, e ocupou o lugar de Mangueira no MDB. A migração evitou que o partido perdesse, pela primeira vez, representatividade no Legislativo municipal. Nos dois casos, avaliam lideranças da Câmara ouvidos pelo Jornal Metropole, as mudanças tiveram percentual zero de posicionamento ideológico e 100% de cálculo de sobrevivência. Trocando em miúdos, a certeza de ambos de que a reeleição será mais fácil com as novas legendas.

No atacado, quem surpreendeu foi o Democracia Cristã (DC), antigo PSDC, partido liderado pelo folclórico ex-deputado constituinte José Maria Eymael, político paulista que se tornou mais conhecido pelo jingle repetido na série campanhas presidenciais que disputou - “Ey, Ey, Eymael, um democrata cristão”. Até então inexistente na Câmara, o partido se tornou uma das bancadas mais numerosas ao absorver quatro vereadores de uma só levada, incluindo nomes bons de urna, como Ricardo Almeida, que deixou o PSC, e Toinho Carolino, que em 21 de março já havia se desfiliado do Podemos. A eles, se juntaram Marcelo Maia e Sabá, que disseram adeus, respectivamente, ao PMN e ao PP.

O PMN, que só tinha um vereador, evaporou-se. Já o PP, que dividia com o União Brasil o posto de bancada mais vitaminada, perdeu três integrantes: Leandro Guerrilha, Roberta Caires e Sabá. Em compensação, ganhou um, Sidninho, oriundo do Podemos. No saldo negativo, ficou com quatro. Já o Republicanos, que além de Mangueira filiou ainda Guerrilha, passou de três para cinco integrantes e se transformou na segunda maior força da Casa, com a permanência de Ireuda Silva, Julio Santos e Luis Carlos.

Foto: Divulgação/CMS

Apostas do prefeito

Nesse compasso, quem também saiu no lucro com a janela partidária foi o PDT. Tinha dois vereadores - Anderson Ninho e Randerson Leal, que estava de aviso prévio dado pelo presidente da legenda na Bahia, o deputado federal Félix Mendonça Júnior, por causa de seu alinhamento com a oposição a Bruno Reis. Apesar de perder um quadro no Legislativo, a bancada pedetista conquistou, em contrapartida, duas vagas novas, com a entrada de Roberta Caires (ex-PP) e Débora Santana, que debandou do Avante, outra sigla que perdeu representação na Câmara Municipal. O Podemos só não teve o mesmo caminho porque Leal, filho do deputado estadual Roberto Carlos (PV), migrou para ele.

Resultado da fusão do Patriotas com o PTB, o PRD manteve Doutor José Antônio e somou Fábio Souza, último remanescente do Solidariedade na Casa. Tanto o PRD quanto o DC foram as principais apostas do prefeito para acomodar aliados durante o período de trocas e aliviar a pressão sobre os partidos mais competitivos para quem planeja se reeleger. A operação funcionou em parte, mas não evitou princípios de incêndio de vereadores e suplentes da base. Sobretudo, no União Brasil, onde um grupo de pré-candidatos competitivos, incluindo a vereadora Cátia Rodrigues, se rebelaram com o ingresso do ex-vereador Alberto Braga (ex-Republicanos) e ameaçou deixar a legenda.

O PSDB foi mais um partido da base que não foi atingido pelos solavancos da janela. Continuaram no ninho tucano os quatro de antes: o presidente da Câmara, Carlos Muniz, Cris Correia, Daniel Alves e Téo Sena. Na mesma fatia está o PL, que manteve Alexandre Aleluia e Isnard Araújo, apesar do desejo inicial que ambos tinham de tentar a reeleição por outra sigla.

Na bancada de oposição, PT e PCdoB também passaram incólumes pelo vai-vem. O primeiro segue com Marta Rodrigues, Suíca, Tiago Ferreira e Arnando Lessa. Os segundo, com Augusto Vasconcelos e Hélio Ferreira. A nova babel partidária da Câmara é composta ainda pelos exércitos de um vereador só: PSD (Edvaldo Brito), Psol (Laina Pretas por Salvador), PSB (Silvio Humberto) e PV (André Fraga), mais MDB (Joceval Rodrigues), Podemos (Randerson Leal) e PMB, que conseguiu retomar a representatividade na Casa com a chegada de Átila do Congo (ex-Patriota). Em outubro, será possível saber quem tomou o caminho correto e quem escorregou no parapeito da janela.