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Sede da prefeitura, Palácio Thomé de Souza pode novamente ser enxotado da Praça Municipal

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Sede da prefeitura, Palácio Thomé de Souza pode novamente ser enxotado da Praça Municipal

Há indicativos de que um prédio histórico pode ser desapropriado para alocar em um retrofit a sede do Executivo Municipal

Sede da prefeitura, Palácio Thomé de Souza pode novamente ser enxotado da Praça Municipal

Foto: Metropress/Danilo Puridade

Por: Laisa Gama no dia 26 de setembro de 2024 às 00:51

Atualizado: no dia 26 de setembro de 2024 às 10:38

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 26 de setembro de 2024

O Palácio Thomé de Souza, sede da prefeitura de Salvador há 38 anos, corre o risco de ser demolido caso uma ação que tramita da Justiça Federal leve a melhor. Na prática, o processo do Ministério Público Federal quer obrigar a saída da sede do Executivo Municipal da primeira Praça dos Três Poderes do Brasil e de um prédio que representa justamente a valorização do coração da cidade e a resistência à vaidade dos cargos de poder.

O imbróglio não é recente. Tudo começou durante o governo municipal do ex-prefeito biônico de Salvador Mário Kertész, em 1981. Na época, a prefeitura ocupava o Palácio Rio Branco, mas, sob a justificativa de que “não queria prefeito com vontade de ser governador”, o então chefe do Executivo Baiano, Antonio Carlos Magalhães (ACM), fez com que a sede municipal fosse praticamente despejada para o Solar Boa Vista, no Engenho Velho de Brotas, a mais de 15 km da Praça Municipal.

“Ele enxotou a prefeitura, violentou a primeira praça dos Três Poderes do Brasil. Na campanha, uma das promessas que fiz foi trazer o Poder Municipal para essa praça, de onde nunca deveria ter saído, mas saiu pela ignorância, pela obscuridade e pela vaidade de ACM”, lembrou Mário Kertész durante o programa Na Linha da última terça-feira (24).

Cinco anos depois, prefeito eleito, Mário Kertész cumpriu a promessa. Para isso, recorreu ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e chamou o renomado arquiteto e urbanista João Filgueiras Lima (o Lelé), que projetou aquilo que seria a nova sede municipal na Praça Thomé de Souza. E assim, o Palácio foi construído, em 14 dias, metal, vidro e o que tinha de melhor para a técnica da época. Em 2000, 14 anos depois, o MPF iniciou a ação alegando que a estrutura não se adequava às restrições arquitetônicas e culturais da localidade. E lá se vão mais 24 anos. O arquiteto Marcelo Ferraz, que já participou de alguns dos projetos de Lelé, é direto na sua análise: a perda do Palácio será um desastre para a história da capital, assim como foi a venda da Igreja da Sé da Bahia em 1933. “Foi uma grande tacada conseguir colocar a prefeitura ali de novo. O prefeito deve estar no coração da cidade para receber pedra ou para receber palmas. Então isso também é politicamente importante”, afirmou Ferraz no Na Linha.

Procurada, a comunicação da prefeitura não soube dar detalhes sobre o imbróglio e planos para o palácio. Mas o prefeito Bruno Reis já havia indicado o interesse de desapropriar um prédio histórico, fazer um retrofit e realocar a sede da gestão municipal. Há especulações, inclusive, de que esse imóvel seria o Palácio Arquiepiscopal, na Praça da Sé. Enquanto isso, no terreno no Thomé de Souza funcionaria um centro de convenções. Caso confirmados, os alimentariam os interesses da especulação imobiliária que já circunda o local.